20.9.04

Sirvam nossas façanhas...


... de modelo a toda terra

Há exatos 169 anos começava a maior guerra civil da história brasileira. No dia 20 de setembro de 1835, no local onde hoje a Avenida Azenha cruza a Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, os "farroupilhas" declararam guerra ao governo da província, nomeado pelo Império.

Começava ali um dos capítulos mais importantes da história brasileira, e talvez o mais determinante da história e da cultura gaúcha. A Revolução Farroupilha, que duraria quase 10 anos, terminando apenas em fevereiro de 1945 com o tratado de Ponche Verde, marcaria toda a formação de um povo, mesmo quase dois séculos depois.

Apesar de a independência da província ser considerada hoje em dia a grande bandeira dos farrapos, essa não foi uma das razões iniciais do conflito. Estas, na verdade, eram mais econômicas - relacionadas ao charque - do que políticas. Apenas no desenrolar da guerra é que a independência gaúcha foi proclamada e, a partir daí, teve que ser defendida. É claro que ela se tornou uma das senão realmente a principal bandeira da revolução, mas não era assim no princípio.

Até hoje o Rio Grande do Sul cultua seus heróis revolucionários. Bento Gonçalves, Netto, Corte Real, e até mesmo o italiano Giuseppe Garibaldi são alguns dos grandes mitos da cultura gaúcha. São símbolos de homens determinados a defender sua terra - ou seu ideal - até o fim.

A importância do dia 20 de setembro de 1835 para os gaúchos pode ser medido por seus símbolos. A bandeira atual, por exemplo, é a mesma que era utilizada pelos farrapos, cujo significado era um "não" (a faixa vermelha) ao verde-amarelo, então símbolo do Império. O nosso hino, que também enaltece as virtudes dos farrapos, foi composto por soldados imperiais aprisionados numa das várias batalhas vencidas pelos "gaúchos".

Hino Rio-grandense
Como a aurora precursora
do farol da divindade,
foi o Vinte de Setembro
o precursor da liberdade.

Estribilho:
Mostremos valor, constância,
nesta ímpia e injusta guerra,
sirvam nossas façanhas
de modelo a toda terra.

Mas não basta pra ser livre
ser forte, aguerrido e bravo,
povo que não tem virtude
acaba por ser escravo.

É fundamental, para um povo, ter orgulho de sua terra. E nós gaúchos, graças a Deus, temos muito orgulho da nossa. Os que nos olham de fora - e até alguns aqui de dentro mesmo - confundem isso com arrogância ou presunção. Não é o caso. Não é por que nos orgulhamos de ter uma cultura bastante característica - na história, na música, no folclore e na culinária - que nos consideramos melhores ou piores que os demais, ou mais ou menos brasileiros que qualquer outro. Apesar de entender que, no início da Revolução Farroupilha o Rio Grande do Sul esteve perto de se separar, não temos como saber o que aconteceria e não acredito que, hoje, de forma alguma, este seja o caminho.

Sou sim, brasileiro como o Lula. Mas também sou gaúcho, como o Papa!

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