28.3.05

Uma moeda "sem valor"



Por um curto período de tempo na minha adolescência, eu fui um colecionador de moedas. "Numismata", parece que é o termo certo. Na verdade, eu tenho um amigo que, nesta época, levou este hobby bem mais a sério, e eu tive vontade de acompanhar. Pensando bem nem sei se ele ainda continua com a coleção, acho que não. Eu já não coleciono mais, e tenho poucas moedas antigas.

Contudo, esta que está aí em cima (frente e verso) é um dos meus tesouros. É uma moeda brasileira, de 80 réis, do Império. Pesquisando, descobri que ela é de 1822, ou seja, da época de Dom Pedro I. É provavelmente a primeira moeda "brasileira", pois eu imagino que no Brasil-Colônia era utilizada a mesma moeda vigente em Portugal, senão ouro, por exemplo.

É claro que eu sei que esta moeda saiu de circulação, e por isso perdeu o seu valor, no máximo na Proclamação da República, apenas 70 anos depois de seu lançamento. A pergunta que fica é: como uma moeda se manteve "incógnita" durante décadas, a ponto de ser "encontrada" por alguém nascido mais de um século depois dela? E, mais do que isto, qual o caminho que ela percorreu neste tempo?

Não tenho noção do valor que uma moeda de 80 réis tinha para alguém dos anos 20 do século XIX. Sei que a inflação também atacou naquela época, pois, a moeda que eu tenho de 1889, primeira da república, já é de 200 réis. De qualquer forma, eu acho fantástico imaginar que esta moeda pode ter passado muito tempo sendo trocada por mercadorias, serviços e até escravos. Esta moeda, inclusive, é testemunha de uma época que, na verdade, há muito é impensável: a época do Império Brasileiro. Muita gente não nota, mas o Brasil foi, na sua época e territorialmente, um dos maiores Impérios do mundo. As pessoas que trocavam esta moeda tinham a noção de que o Imperador era o dono de tudo, muitas vezes até de suas próprias vidas. É estranho pensar que esta noção de "governo vitalício" não aconteceu só na Europa numa época distante como a Idade Média (onde ainda se mantém, em alguns casos, ainda que não com mais tanto poder), mas foi aqui, no "país tropical", e há poucas décadas.

É certo que, para ter sobrevivido a estes 120 anos de República, esta moeda passou por outros colecionadores, ou mesmo viveu décadas esquecida em uma gaveta. Mesmo assim, ela foi testemunha, sem a mesma participação, de todo o desenrolar deste período democrático (e seus longos hiatos). Não é de todo impossível imaginar que esta moeda tenha sido guardada por um tenente nos anos 20 do século passado, quem sabe por Getúlio Vargas, ou por um general durante os aons 70.

Não sei por quanto tempo ela permanecerá comigo. Calculo que esteja aqui já há quase 1 década, e pretendo que permaneça por muitas mais. É possível, e até provável, eu diria, que ela também sobreviva a mim. Talvez se perca novamente, até que outro historiador de fim-de-semana a encontre. Então um dia o seu novo possuidor ficará ainda mais impressionado com o seu valor histórico, e se lembrará que ela tem mais de 200 anos. Ele provavelmente também cogitará as várias "viagens" que ela fez até chegar às suas mãos, se lembrará do Império, e das décadas de República. Entretanto, este tempo que ela ficou aqui comigo será para sempre um segredo só dela.
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15.3.05

Back to the eighties!


Eu quase não acreditei quando o vi. Um pouco mais baixo do que eu, mas bem mais veloz. Na verdade, muito mais veloz. Incomparavelmente mais veloz. Graças a um dos maiores cientistas que o mundo conheceu, quando este carro atinge 140 km/h (88mph) ele se torna inalcancável para mim, para qualquer outra pessoa, carro, ou avião. Isso pelo simples fato de que ele deixa de viajar no espaço de uma rua, por exemplo, para começar viajar no tempo.

Quando me foi dada a oportunidade para viajar, eu não acreditei. O Doutor Brown me perguntou a que época eu gostaria de ir, ou retornar. A minha primeira opção seria voltar séculos no tempo, visitar o Império Romano, ou talvez o Renascimento.. mas quando ele perguntou sobre "retornar", não sei por que, mas pensei em visitar os anos 80. Eu me lembro muito vagamente deles. Apesar de ter nascido ainda no final da década de 70, a maior parte da "década perdida" eu passei sem notar. As minhas primeiras lembranças "lógicas" são aí por volta de 1986, 1988..

Entrei no carro, e pensei: Por onde eu começo? Humm... já sei!! Data: 08 12 1980 - Hora: 18 00. Acelerei e... zzzzummmmm.. Aqui estou eu. Agora preciso achar uma televisão. Estaciono o carro e começo a procurar uma loja com uma TV na vitrine, pois a notícia deve sair a qualquer momento. Como a cidade é estranha, aquele prédio ali já não existe há anos em 2005, que sensação esquisita... Ali! Uma loja! E tem uma multidão em volta... já deve ter acontecido!... É, ele está morto. Sinto algo estranho pois, ao mesmo tempo em que a morte de John Lennon foi sempre algo muito distante, quase mítico, está ali na minha frente, acabou de acontecer.

Chega de tristeza. 11 de dezembro de 1983. Tem que ser cedo, por que o jogo foi no Japão. Hmmm.. acho que está bom. Zzzzummmmm... Vou para o centro da cidade, lá deve ter um bar aberto ou algo assim... Nossa, tem vários!! Aqui parece que é meio-dia, pelo entra-e-sai. O jogo ainda está 0 a 0. Vou tentar parecer apreesnivo também para não passar por colorado, ehehe... 1 a 1. Segundo tempo. Daqui a pouco o Renato vai fazer aquele golaço! É estranho pensar que isto esteja acontecendo ao vivo. Goooooool! Agora o Ranzolin deve estar dizendo a frase imortal na Gaúcha: "O Rio Grande do Sul e o Brasil vão viver uma madrugada que não terminará, antes do sol nascer". Legal o trocadilho com a terra do sol nascente, mas pena que foi traída pela obviedade. Bom, o que vale é que é campeão!! É campeão!! É cam-pe-ão!!

Estou voltando para o carro, e feliz da vida. Para onde irei agora? Hmmm... 1984! Só não sei a data... Vou tentar mais para perto do final do ano. Zzzzummmmm... Pronto! Nossa, sem dúvida eu acertei. Nem nas passeatas dos caras-pintadas de 1992 eu vi Porto Alegre tão "brasileira". Faixas, pessoas gritando palavras de ordem, tudo em verde-amarelo. Acho que a votação ainda das Diretas não aconteceu. É triste pensar que toda esta esperança que essas pessoas estão tendo agora de acabar com a Ditadura Militar vai acabar frustrada, e que levaremos tanto tempo para curar estas e tantas outras feridas... Vou para "os finalmentes". Abril de 1985. Zzzzummmmm... Dia 22 de abril. O bom é que agora eu sei onde está a televisão. Nossa... eu lembro de ter visto esta mesma imagem, lá na sala de casa. O caixão do Tancredo sendo carregado em comboio, com a bandeira do Brasil em cima. Foi a primeira vez que eu vi tanta comoção... e eu só vi igual quando o Senna morreu...

Vou para a Copa de 1986! A primeira que eu me lembro. Aliás, uma das primeiras lembranças "lógicas" que eu tenho é exatamente do dia em que o Brasil perdeu para a França. Vamos lá! Zzzzummmmm... Mais uma vez, Porto Alegre enfeitada futebolísticamente! Vou aproveitar que eu sei que em casa todos viajaram e passar por lá, ver como eram as coisas nesta época. Nossa.. parece um arranha-céu no meio de uma floresta. Quase nenhum prédio ou casa em volta. E essa rua ainda é de paralelepípedos. Também, ainda levaria quase 10 anos até que ela fosse asfaltada... Onde eu encontro uma televisão agora? Vou tentar dobrar aqui. Ali está!... Jogão de bola... "pena que vamos perder", eu penso silenciosamente. Na hora do pênalti do Zico, eu penso em dizer para ele chutar do lado certo, mas acontece que eu não sei qual é, pois na verdade, eu nunca vi esta imagem. O goleiro Bats, da França defendeu. O jogo terminou 1 a 1. Antes de ver o povão triste de novo pela derrota nos pênaltis, eu vou embora.

Falando no Senna, vou rever aquela corrida. Mas onde? De novo o acontecimento é no Japão, madrugada brasileira. Vou um pouco antes para encontrar um bar aberto. 29 de outubro de 1988, 11 da noite. Aquele mesmo bar da Copa está aberto, e de novo com a mesma bandeira do Brasil pendurada! Sentei. Êpa? O motor morreu na largada.. será que eu errei a data? Não.. ele conseguiu largar, do meio do bolo, mas saiu... Nossa! Nem bem chegamos na metade da prova e ele já é o líder de novo! Eu não me lembrava que tinha sido tão emocionante! Grande Senna!!

O que mais aconteceu nos anos 80? Muita coisa, mas agora não me lembro de muitas que valha a pena visitar... Preciso de mais uma, apenas uma.. Já sei! 15 de novembro de 1989! Nossa... quantos anos eu tinha aqui? 12? 11? É.. 11! E me lembro vagamente desta campanha.. Sei bastante dela hoje por que ela entraria para a história por muitas razões além de "simplesmente" ter sido a primeira para Presidente da República depois de tantos anos... Com quatro anos de atraso, o movimento das Diretas conseguiu! Mas o povo ainda vai descobrir que democracia é mais do poder que eleger o presidente...

Nossa... Do Lennon até a eleição foi uma longa década! Muitos são os fatos que eu não me lembrei, ou mesmo não considerei nesta viagem. Muitos filmes que eu adoro também são desta época, a começar por 3 da franquia "Super Homem" e toda a trilogia "De Volta Para o Futuro". De qualquer forma, foi uma boa experiência. "Para entender o futuro, estude o passado", é o que dizem. E, de certa forma, foi o que eu fiz. Mas acho que agora já é hora de voltar para o século XXI, e deixar o tempo correr por si mesmo novamente..
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10.3.05

Quando o milésimo é o vencedor

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Eu já disse várias vezes aqui que a coisa mais importante do mundo para mim são as minhas amizades. De perto, ou de longe, do dia-a-dia, do trabalho, de algum local onde eu trabalhei, das faculdades que eu freqüentei, do colégio ou dos diversos "grupos de amigos" que se formaram e se diluiram com o passar dos tempos. Em cada lugar eu deixo a minha marca, e trago comigo as boas recordações, e as amizades construídas.

Eu concordo plenamente com quem diz que o importante não é a quantidade, mas a qualidade de tudo que se tem ou que se faz. Eu, graças a Deus, posso dizer que tenho amigos de verdade conquistados em cada uma destas épocas. É claro que, quando se fala das mais distantes, as amizades estão mais no sentimento do que no convívio. Mas basta um reencontro para que os anos que passamos separados pareçam poucas semanas.

No ano passado isso aconteceu com dois "grupos de amigos" meus. Um foi o reencontro, acontecido em novembro, com o pessoal do colégio. Foi um momento fantástico, por ser, até pouco tempo antes, impensável. Naquele grupo estavam, sem dúvida, pessoas que eu trouxe comigo durante todos estes anos, mas que há muito eu já não encontrava mais. Perdidos nessa cidade tão grande e ao mesmo tempo tão pequena, reencontrá-los foi, como eu já disse aqui neste espaço, um dos grandes momentos do ano que passou. É bom ressaltar também que uma grande amizade nasceu daquele encontro, o que também me deixou muito feliz.

Outro reencontro foi com o pessoal "da Igreja". Eu ainda não cheguei a comentar especificamente esta fase da minha vida aqui, mas foi sem dúvida um momento muito importante. Há quase 10 anos eu fiz parte de um grupo de jovens da Igreja Católica, fiz um retiro e participei ativamente do movimento por um (curto espaço de) tempo. Logo minha vida tomou outros rumos, e eu acabei me distanciando, fisicamente, daquela rotina do sábados à tarde e da grande maioria dos amigos que eu construi ali. Nesta época eu também aprendi, é bem verdade, que por mais que se goste de alguém, amizade é uma coisa praticamente espiritual, no sentido de que existem "amigos" e amigos!

Pois bem. Ano passado também reencontrei estes amigos. Sobre alguns eu sempre tive notícias, "por aqui ou por ali", mas outros pareciam simplesmente ter sumido no vento. Feliz foi o momento em que eu os reencontrei e se, por um lado, nenhum de nós tem mais as condições de retomar o convívio antigo, os momentos que compartilhamos ano passado fizeram parecer, até mesmo, que todos éramos as mesmas pessoas de 10 anos atrás, tamanha foi a alegria e o prazer deste reencontro, e desta volta à velha rotina, ainda que isto não tenha durado muito tempo.

E é deste grupo que veio a visitante número 1000 do Impressão Digital. Vanessa Viana, minha grande amiga de muito tempo. Uma amizade que cresceu graças ao bom humor comum entre os dois (que, é bom registrar, às vezes beirava o débil, ehehe), que possibilitou a aproximação, a parceria e, com o tempo, a amizade. O nosso reencontro foi um dos que fez com que parecesse ter sido mês passado, e não 10 anos atrás, o fim daquela época da minha vida.

"Vane". Tenho certeza que nada disso foi novidade para ti. Sabes que podes contar comigo quando precisares, assim como sei que a recíproca é verdadeira. Se não nos encontramos mais com a mesma freqüência, ou se nos desencontramos, é por circunstâncias da vida. Quero que saibas, se ainda não sabes, que tens um lugar especial entre os meus amigos, assim como muitos que nem sempre têm a oportunidade de saber disso.

Como diz o Milton Nascimento: "Qualquer dia amigo a gente vai se encontrar...."
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8.3.05

A primavera do mundo

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Geralmente, eu começaria este texto falando sobre a primeira coisa que me vem à cabeça quando eu penso neste assunto. Bem, neste caso específico seria mais fácil falar sobre a primeira coisa me vem à cabeça quando eu não penso neste assunto. Não é nem que eu só pense em mulher, mas é que seriam tantos os aspectos, as qualidades, os momentos e mesmo os pequenos e charmosos defeitos que eu nunca poderia dizer que este ou aquele é o que me vem à cabeça quando eu penso neste assunto.

Uma coisa que todo o homem tem que concordar. Ver uma mulher chorando é uma atividade masoquista. Seja qual for a razão, aquela cara de choro mata qualquer um. Ao mesmo tempo, elas ficam lindas com as lágrimas querendo fugir dos olhos. É algo que dá ao homem, muitas vezes, uma sensação de incapacidade, por talvez não haver algo que se possa fazer, ao mesmo tempo que é uma imagem que, elas que nos desculpem, ficará na nossa memória para sempre.

É desnecessário falar do corpo da mulher. Eu até nem sou tão exigente, mas é incrível o poder que uma cintura, uma boca ou um par de pernas tem "contra" nós, homens. Independente de sermos amigos ou não, é inútil imaginar o contrário, nós estamos sempre reparando em vocês!

Eu não sei se é hoje que isto está na moda, ou se é por causa da faixa etária com a qual eu convivo mais. O caso é que as mulheres querem ser independentes, decidir por si, pagar por si e fazer por si. Por mim ótimo, se for da porta para fora. Não vem ao caso quem é que paga ou quem é que decide, o fato é que o charme da mulher está também e principalmente na suavidade, na doçura, e na "aparente" insegurança. As que ainda não sabem, aprendam isto se não quiserem morrer solteiras.

Sentimentos. Apesar de, por questões de natureza, a mulher ser um eterno vendaval de sentimentos, eu admiro aquelas que conseguem expressá-los. Não falo de dizer que ama ou nada disso. Expressar sentimentos é muito mais do que isto. É ser carinhosa, compreensiva, mas ao mesmo tempo saber o que quer e aonde se quer chegar. É chorar quando tiver que chorar, e rir quando for para rir. O primeiro, logicamente, longe de mim....

Milhares de poetas, músicos, escritores, filósofos e amantes em geral já tentaram definir a mulher. Se algum conseguiu? Não, nenhum. Talvez muitos tenham chegado perto, mas ninguém atingiu o conceito ideal. Dizem por aí que, para analisar alguma coisa, é preciso manter o "distanciamento necessário" para avaliar com isenção. Beleza, então eu é que não vou ser o herói.

A mulher é a primavera do mundo. É o que dá cores a este sombrio mundo ainda demasiadamente dominado pelos homens. O que muitas não sabem, felizmente, é que os homens são seres que querem parecer racionais, mas são, em sua grande maioria, absolutamente dominados pelos seus próprios instintos. Todo o homem é muito mais facilmente "convencido" por uma mulher do que por outro homem, por exemplo. E todos eles, mas absolutamente todos, fazem qualquer coisa para ter um amor correspondido. Até mesmo perder a sua faculdade de raciocinar....

Oito de março. Apesar de, para mim esta ser - independente da sua razão original - uma data machista, quero deixar aqui a minha homenagem a todas elas. Quero que todas saibam que, pelo simples fato de se saberem mulheres e agirem como tal, eu as admiro.

Como se diz por aí, "Se Deus fez algo melhor e mas bonito do que a mulher, guardou só para ele".
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5.3.05

Uma chance em mil!!!

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Ler é um ótimo exercício. Concordo plenamente com esta frase, que se eu não me engano é de uma campanha da Fundação Roberto Marinho pela leitura. Não importa o que, o importante é se ler sempre, e bastante. É claro que existem leituras que intelectualizam, leituras que divertem, e leituras que atrofiam o cérebro de quem lê. Contudo, independente disso, o ato de ler mantém o cérebro em atividade, desenvolve o raciocínio e é, sem dúvida, um aspecto importante da qualidade de vida.

Para mim, escrever também é um exercício. Sempre foi. Desde a adolescência, quando escrevi meus primeiros textos, passando pelos textos mais "intimistas" dos meus 20 e poucos anos até os de hoje, que já apresentam uma certa maturidade estética e de conteúdo, a escrita sempre foi para mim, um grande exercício. No caso da escrita, por sinal, o exercício fica bastante claro. A capacidade de expressar uma idéia - com início, meio e fim - através das palavras, exige sim, uma prática razoável.

Saber se expressar é importantíssimo. Uma coisa que me deixa feliz hoje em dia é que a maioria das pessoas, concordando ou não com o que eu estou dizendo, respeitam o que eu digo. E eu acredito que isto não seja apenas por me respeitar, mas talvez este mesmo respeito seja a resposta destas pessoas a minha forma de expressar o que penso.

Muitas pessoas já vieram me perguntar, ao longo dos últimos anos, como eu consigo me expressar "tão bem". Como diria um antigo professor e patrão meu, duas coisas. Primeiro, eu nem sempre concordo que eu consigo me expressar tão bem assim. Tem vezes que o texto fica muito bonito, mas a idéia que eu queria, ou que eu pretendia passar, se perde entre maiúsculas, vírgulas e pontos finais. Segundo, se um dia eu tiver que dar uma fórmula para alguém aprender a escrever bem, eu direi: Leia. Mas leia tudo, de tudo, e sempre. Eu leio muita coisa. Sou um apaixonado por literatura, história, jornais, revistas, sites de notícias e entretenimento. Gosto muito, inclusive, de reler estes textos aqui depois de um tempo, para ver como eu pensava ou como eu expressei determinada opinião algum tempo atrás.

Também adoro conversar, sobre muita coisa, para não dizer tudo. De certa forma, este aqui é o meu canal particular de comunicação. Cada texto colocado aqui é uma pequena conversa com cada uma das pessoas que me lê, e principalmente com as que comentam um determinado texto. Os assuntos variam muito e, como eu já disse, nunca sei sobre o que vai ser o próximo texto. Pode ser algo relacionado a sentimentos, a música, talvez sobre cinema ou mesmo em homenagem a algum acontecimento especial ou mesmo a alguém.

Não sei se alguém repara nisto, mas, o contador ali do lado está se aproximando do número mil. O significado deste número, na verdade, é meio ambíguo. Na verdade, já são mais de mil os visitantes do Impressão Digital. Contudo, a contagem que ele faz considera cada visitante apenas uma vez por dia, ou seja, se a pessoa entrar pela manhã e à tarde, só será contada uma vez. De qualquer forma, é uma marca importante, e eu vou registrá-la.

Combinemos assim: Quem for o número mil, me avisa e eu vou escrever algo especialmente para esta pessoa. Sugiro que salve a imagem com o contador no 1000 e me mande.

Como não sei quem será, não sei qual a forma ou sobre que aspecto específico vou tratar. Prometo apenas que será algo sincero, e de coração.

Se o milésimo passar e não se acusar, perdeu. Outra chance dessas, só na marca dos 2000!!
976

1.3.05

Estúpido cupido


Houve um longo tempo em minha vida em que eu fui o cupido dos meus amigos. É claro que muitos amigos já fizeram este "servicinho" para mim também, mas eu, por muito tempo, sempre procurava ajudar nestes casos.

Desde o colégio, eu tinha este "radar" ligado e, se eu sentisse que poderia rolar, eu aproximava os dois... Outras vezes, ele ou ela vinha me pedir ajuda, e eu ajudava. Quando não dava certo, ou a outra pessoa não correspondia ao interesse, o jogo terminava ali. Contudo, por muito tempo o jogo chegou sempre ao seu final. Tive um amigo, certa vez, que eu apresentei 2 namoradas para ele. A primeira, que era amiga da minha irmã, e a segunda, que acabou sendo o estopim do fim da nossa amizade.

Acho que a última vez que eu fiz isso foi no ano passado. Ajudei um amigo que estava a fim de uma garota. Tive que tomar muito cuidado, pois a situação acabou se tornando delicada e quem quase acabou prejudicado fui eu. Hoje, graças a Deus, continuo um grande amigo dos dois, cada um seguindo a sua vida. Dessa vez, entretanto, eu aprendi que até mesmo boa intenção tem limite. Por mais que se deseje a felicidade de alguém, e que se acredite que esta ou aquela forma seja a ideal para isto, esta é uma decisão que cabe única e exclusivamente aos envolvidos. Vendo assim, entendi muitas outras coisas....

Um outro casal de amigos meus namorou até o fim do ano passado. Eu não tive nada a ver com o início, nem com o final deles. Acontece que durante o tempo em que eles ficaram juntos, eu me aproximei muito de ambos. Depois que acabou, eu acabei involuntariamente ficando no meio do fogo cruzado. No início eu ainda me coloquei à disposição dos dois, com a ressalva de que eu não serviria de pombo-correio nem nada do tipo. Depois, com a repetição dos acontecimentos, eu dei um passo atrás e me distanciei. Hoje continuo falando com os dois, mas não toco e não aceito mais tocar neste assunto. Bem ou mal, agora está claro que ambos tomaram uma decisão, então, que a assumam ou se resolvam entre si!

Existem vários outros casos, mas aí seria um catálogo, e não um texto. O fato é que o grande problema da maioria das pessoas tem apenas três letras: FIM.

Algumas erram por que tomam decisões e não assumem, tornando sua própria vida um inferno ainda maior do que o que acreditavam estar vivendo antes. Outras, por que não querem aceitar algo que ninguém está lhe perguntando se aceita ou não. O fato é que decisões trazem responsabilidades, e ninguém mais tem idade para ser defendido ou protegido delas. Terminou? Então vira a página e vai em frente...

Estou sendo simplista? Não, estou sendo realista. É o mais fácil? Certamente que não. Mas este é um dos inúmeros casos em que uma coisa que poderia ser extremamente simples se torna complexa unicamente porque as pessoas não pensam quando agem, e ficam se arrependendo depois. Não estou me colocando num pedestal e dizendo que eu nunca ajo sem pensar. Eu sou humano, e erro bastante também. Contudo, eu não me escondo atrás dos meus erros para dizer coisas do tipo "não fui eu, foi a minha mão".

A questão toda chama-se amor próprio. Muita gente enche a boca para falar, mas pouca gente sabe o que realmente significa ter amor próprio. Amar a si mesmo, se aceitar, se respeitar. Muita gente não gosta, de verdade ou completamente, de si mesmo, e se torna afetivamente dependente de uma determinada relação. Aí, quando não existe mais amor ou quando o racional cansa daquela situação por qualquer razão incômoda, a pessoa fica perdida, sem notar que o erro não está aqui no final, mas estava lá no início. Ao mesmo tempo, quando alguém "termina" com a gente, temos que seguir em frente. Se a pessoa "rejeitada" quiser tentar de novo, tem todo o direito. Mas precisa entender que, se não deu, não deu. O amor dela por si mesma deve ser maior do que qualquer sentimento por outra pessoa. Certamente, na outra esquina da vida vai aparecer alguém que te mereça, e isto não é só um lugar-comum...

O cupido é uma representação do amor. Uma linda representação, por sinal, mas que deve ser encarada sem exageros. Na vida real, nada que começa será para sempre. Seja em um relacionamento, ou mesmo por toda uma vida, o que tiver sido para sempre, assim o terá sido quando chegar ao fim.
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