31.12.04

Por que só hoje?


O tempo passa, e cada vez mais rápido. Eu me lembro da minha infância, quando eu pensava "no ano 2000 eu vou completar 22 anos!". Nossa.. o peso que a expressão "ano 2000" tinha só quem viveu vai entender. Não era como a virada dos anos 90, ou a dos anos 80 que, bem ou mal, eu também vivi. Era a virada do milênio, época de recomeços, reflexões e bugs.

É claro que não dá para dizer que "foi ontem". Aconteceu muita coisa de 2000 para cá, mas é inegável que os anos têm passado cada vez mais rápido. Quando eu menos esperava, lá se foi 2004. Pelo menos, é o que diz o atual calendário cristão. Segundo esta "tradição" ocidental, hoje o mundo completa uma volta, e amanhã inicia um novo e repetitivo ciclo. Me desculpem, mas se querem considerar esta virada um recomeço, é exatamente assim, repetitivo. E, se por um lado é o calendário oficial, por outro é apenas o calendário cristão.

Pergunte o ano para um judeu, por exemplo. Pra começar, o ano dele nem começa hoje. E o que faz com que a contagem cristã seja a oficial não é qualquer tipo de condição natural, mas uma simples arbitrariedade ocidental.

Aos que defendem que a mudança do ano deve ser uma época de esperança, de sonhos, de desejos e de metas, eu respondo: sim e não. Sim, por que é claro que, além da nossa vida estar "organizada" de forma a permitir este tipo de sentimento nesta época do ano, é sempre bom ser objetivo em relação a ela, mas sem perder a esperança. E não, por que não tem nenhuma diferença ter este sentimento no dia 31 de dezembro e no dia 17 de abril, por exemplo. Na verdade, são dias exatamente iguais, e a distância entre dois dias 17 de abril é a mesma que há entre dois dias 31 de dezembro.

Por que só ser esperançoso agora? Por que só ser "bom" no Natal? Não estou dizendo que o mundo precisa ser lindo e perfeito, mas sim, que ele também não o é nestes dias. Logo, se podemos ter esperança agora, por que não antes... ou depois?

Esse é o típico exemplo de coisa que a maioria das pessoas "aceita" sem pensar. Ano-novo, todo o mundo de branco, cheio de esperança. Problemas no trabalho? Ano que vem vai ser melhor. Relacionamentos? Tá aí o verão, e ano que vem você vai conhecer gente nova. Até parece que é "melhor" sofrer uma perda nesta época, como se realmente fizesse alguma diferença...

Na verdade, um novo ano começa diariamente. Isto não é uma questão de calendário, é uma questão de ponto de vista, de postura. É como a velha história do "vou começar um regime na segunda-feira", "mês que vem eu paro de fumar". Por que não agora? Que poder maravilhoso a segunda-feira tem que eu não estou sabendo?

Esperança? Sempre! Recomeço? Hoje! Novas metas? Diariamente! Pode ser que isto que eu estou dizendo seja clichê, mas é assim que deve ser.

De qualquer forma, Feliz Ano Novo para todos. Não que eu esteja sendo contraditório, mas não há razão para não se desejar tudo de bom para os outros, nem hoje nem nunca!

Aos meus amigos especiais (que, como eu sempre digo, eles sabem quem são) de perto, de longe, da família, tudo de bom. Que 2005 seja o melhor ano da vida de todos nós. Muito amor, esperança e, principalmente, atitude! Se precisarem, vocês sabem que eu estarei aqui, certo?

Até 2005!

28.12.04

O mundo não está nem aí para nós...


Peço licença aos leitores do Impressão Digital para repetir esta imagem. Nunca pretendi nem pretendo fazer isto de novo, mas talvez nenhuma imagem seja mais expressiva para a idéia que eu quero expor agora do que esta. Tenho certeza que todos leram reportagens, viram matérias na televisão ou ao menos ouviram falar do "tsunami" que atingiu o Oceano Índico no final de semana. Até agora, 60 mil mortos segundo o Terra.

Ou seja, 60 mil vidas que acabaram de uma hora para a outra. Sessenta mil preocupações que, em frações de segundo, perderam totalmente o sentido. Isso, claro, sem levar em conta as milhões de vidas que ainda sofrem e sofrerão as conseqüências "de terem sobrevivido".

O meu pensamento hoje está com os mortos. Em que será que eles pensavam? Será que entre eles não havia, por exemplo, um jovem tailandês, formado, mas que estivesse vivendo uma crise de personalidade, e que estivesse lentamente tentando encontrar seu lugar no mundo? Quem sabe lá também houvesse uma jovem cingalesa (do Sri Lanka) que recém tivesse terminado um relacionamento de anos, e estivesse acreditando que nunca mais amaria ninguém? Ou ainda, um malasiano que ia entrar 2005 realizando o grande projeto da sua vida, seja profissional ou pessoal?

Não importa. O primeiro nunca saberá, mas talvez tenha "perdido tempo" pensando em algumas coisas, enquanto sua vida se aproximava de um imprevisível fim. A garota, por outro lado, talvez tenha descoberto que a resposta da sua pergunta era "sim, mas e daí?". O último, se teve tempo de pensar, talvez tivesse pedido a Deus "uma última chance", ou talvez tenha morrido em paz.

Que diferença faz? O que se sabe é que em algum lugar no meio do Oceano Índico as placas tectônicas se chocaram como há muito tempo não se tinha notícia, causando um terremoto de 8.9 graus na escala Richter. Por ter sido no meio do mar, este "maremoto" destruiu tudo o que encontrou pela frente, de paraísos naturais a cidades inteiras.

Não sei se vão me entender mas, na verdade, é como se tudo fosse "paisagem natural". Terremotos, maremotos, vulcões, tempestades, ciclones... São vários os "desastres naturais" que volta e meia acabam com milhares de vida em todo o mundo. E, por serem naturais, são incontroláveis. Pouco importou, por exemplo, para o tsunami que invadiu a Ásia, se o que ele tinha pela frente era uma ilha paradisíaca ou uma cidade onde viviam milhares de seres humanos. Ele simplesmente passou por cima...

Na verdade, nós estamos aqui por que a nossa boa "mãe-Terra" nos autoriza. Se por um lado, e de uma certa forma, ela não cobra aluguel, por outro ela também nunca nos deu direito de propriedade. Na hora que ela bem entender, ela nos joga pra fora, sendo engolindo, jogando longe, soterrando, afogando...

O que eu quero dizer? Quero dizer que nós não somos "senhores da Terra", muito menos "senhores da Vida". Nosso tempo é limitado, e sem data para acabar. Na verdade, não há nada que garanta que se vá viver até os 70 anos, senão a nossa arrogância de "imortais". Não, eu não estou querendo dar lição de moral, nem acho que alguém tenha o direito de fazer isso. O que eu estou tentando dizer é que, quando se diz que a vida é curta, não se está brincando.

O negócio é saber aproveitar. Saber que sofrimento faz parte sim, mas que a vida não é só isso. Ao mesmo tempo, saber que a gente deve viver sempre de olho no futuro, mas com os pés no presente. Seja em relação a sentimentos, a profissão, ou a qualquer outro aspecto que se queira considerar.

É isso. Com os olhos no futuro sim, mas com os pés no presente!

22.12.04

Mas foi sem querer querendo...

Digam o que quiserem, mas o Chaves é o melhor. Talvez, depois de se assistir algumas vezes se torne o mais previsível também, mas poucos programas conseguem ser engraçados pela ingenuidade, como é o caso do menino do barril.

Eu lembro até hoje a primeira vez que assisti a um episódio do "Chaves". Na verdade, era um episódio do Chapolin. É um clássico (como a maioria), do inventor que tinha robôs para fazer tudo. Para quem conhece, é o episódio dos "metacapianos" (me tocar guitarra, me tocar violino...). Isto deve fazer uns 20 anos, talvez, não sei ao certo. O que eu sei é que passei grande parte da minha vida escolar assistindo, sempre aos mesmos episódios, na hora do almoço.

O argumento é bem simples. A "turma" é liderada pelo menino órfão que, ao que parece, mora no barril. Tem também a menina inteligente filha do pai caloteiro e eterno desempregado, a velha solteirona, a mãe metida a besta e o filho mimado. Tem também o professor - raro sinal de "cultura" no meio de tanta ignorância -, o dono da vila, rico, e seu filho "pode-tudo". É o que basta para uma fonte interminável de besteiras, confusões e trapalhadas.

De certa forma, o Chaves retrata o mundo visto pelo lado das crianças. Não no sentido filosófico, mas no sentido da amizade, do aprender a dividir (do parar de dizer "eu tenho isto, e não te do-ou!"), e no da educação que recebemos na escola e em casa. Não acho que tenha qualquer preocupação moralista, mas apenas divertir. É uma forma, digamos, de mostrar como a vida pode ser triste (na pobreza dos personagens) mas, ao mesmo tempo, engraçada.

É claro que não podemos nos esquecer do maior super-herói latino-americano. O Chapolin Colorado. É a sátira a todos os outros super-heróis. Desastrado, burro e sem nenhum super-poder (além das pastilhas encolhedoras), o "vermelhinho" resolve as mais diferentes encrencas de uma forma que ele mesmo não consegue explicar. Suas frases clássicas também são marcantes: "Sigam-me os bons", "Suspeitei desde o princípio", "Não priemos cânico". Em alguns episódios ele faz paródias de cinema, ou que ele utiliza parábolas bíblicas ou históricas para resolver os seus casos. "Guilherme Tell" e "Dançando na Chuva" são alguns exemplos do primeiro, e "O Rei Salomão" e "Cleópatra", do segundo.

Vale mencionar ainda o Doutor Chapatin. O atrapalhado médico que também tinha as suas aventuras, apesar de participar de alguns episódios dos outros dois personagens. Os três personagens, aliás, são interpretados por Roberto Gomes Bolaños, autor e criador da série. No México, seu país de origem, ele também é conhecido como "chespirito", por ser considerado um sucessor de Shakespeare, tamanha é a sua fama e o seu talento. O Chaves e sua turma, na verdade, é apenas uma das várias criações de Bolaños, e a única famosa no Brasil.

Este é, sem dúvida, um dos melhores programas infantis da televisão brasileira. É engraçado sem ser violento, preconceituoso ou maldoso. Passa uma mensagem legal e, principalmente, diverte!

Para quem não entendeu, uma última explicação. "É só bater com isto nisso, para que isto suba até aquilo!"

19.12.04

Só não há perdão para o chato

Você acredita em Jesus Cristo? Legal.. Eu, particularmente sim. Bem, na verdade não é que eu acredite que um homem viveu, transformou água em vinho, encheu o mar de peixes, ressucitou e tudo o mais. Na verdade, eu acredito em Deus, em fazer o bem, e na necessidade de se ter fé. Sem fanatismos, apenas fé.

Ah, mas você não é católico? É evangélico, budista, muçulmano? Luterano, talvez.. ? Não importa. Como eu disse, o indispensável é ter fe. Em alguma coisa, em uma força superior, mesmo que esta força esteja em você mesmo. É importante e muito bom ter esta sensação de fazer parte de algo maior. Do mundo, do cosmos ou do universo, chame como quiser. O que importa é saber que não se está sozinho, e que por isso respeitar as diferenças é o que realmente conta.

Você fuma maconha? Eu não, mas não tenho nada contra quem fuma. Tenho muito contra quem tem algo contra quem não fuma, ou quem acha que só quem fuma é que sabe o que é bom. Ficam falando de um mundo livre, mas na verdade estão apenas invertendo o preconceito. Tenho grandes amigos que fumam, alguns que já fumaram e outros que certamente um dia vão fumar, mas nem por isso vou ser mais ou menos amigo deles. Se um dia eu quiser experimentar, vou experimentar, não se preocupem...

Você bebe? Eu, "socialmente". Não faço questão de tomar um porre toda a semana, mas também não sou de fingir que não bebo. Adoro uma cervejinha com amigos num barzinho, ou mesmo um "esquenta" antes de uma grande festa e tal. Se eu exagero? Às vezes sim, acontece. Mas e quando um amigo passa da conta, você recrimina, dá lição de moral, ou ajuda? Eu ajudo. Se precisar, "amanhã" dou uma conversada com ele...

Gremista ou colorado? Eu sou gremista. Não precisa dizer, eu sei que o meu time está uma merda. Mas para mim, se você souber admitir que o seu também não está sempre melhor, e souber o limite de uma discussão futebolística, podemos conversar tranqüilamente.

E você tem preconceito? Social, racial ou sexual, tem? Eu não digo que sou 100% sem preconceitos, pois aí, além de preconceituoso eu estaria sendo cínico. Eu apenas me esforço sinceramente para vencer estes pré-conceitos. Convivo numa boa com qualquer pessoa. Não é uma característica ou uma "preferência" que vai definir se determinada pessoa é digna de confiança ou não.

Rock´n Roll ou Pagode? Reggae ou Hip-Hop? Para mim, pela ordem: Rock, hip-hop, reggae e pagode. Ainda assim, pagode "das antigas", sambão mesmo, não esse "pagode mauricinho" de hoje. E eu definitivamente não gosto de "dance", "tecno", "house" ou qualquer coisa dessas. Ah, você gosta disto também? Beleza. Então, quando for uma festa de reggae ou hip-hop, você me chama. Quando for numa rave, me deixa no meu canto com os meus rocks e a gente conversa outro dia, combinado?

Para você isto tudo é uma grande besteira? Não entende como pode ter gente que não acredita no que você acredita, ou que permite e aceita "certas coisas"? Não entende como alguém pode "ouvir isso" ou torcer para outro time? Ah, claro, tem q ser "realista", né? Sinceramente, você é um chato. Se acha o grande sábio do mundo, mas na verdade é um pobre coitado. Não deve conhecer o valor de uma grande amizade, pois só se relaciona com as suas cópias.

Seus "diferentes" estão errados? Você não aceita pessoas que cometem erros? Pense de novo. Afinal, ninguém precisa gostar de tudo, mas respeitar sim. Todos erram, e todos merecem tentar de novo. Se você não concorda com isso, pode começar olhando para si mesmo. Se notar que não é perfeito, talvez mude. Se não "perceber" nada, reduza-se à sua "perfeição" e seja feliz. Não quer me respeitar, então me ignore pois é isto mesmo que eu vou fazer com você.

16.12.04

35 anos de notícias

Antes mesmo de fazer jornalismo eu tinha a curiosidade em saber como se produz um jornal (impresso) diário. Eu me perguntava como era possível, já que são tantos pequenos detalhes que têm que dar certo diariamente para que se tenha um exemplar em mãos no outro dia. Quem lê, aposto, nem para para pensar nisso. O que sabe é que todo o dia tem jornal, e ponto.

Acontece que eu nunca tinha pensado em como se faz um telejornal diário. Na essência é bastante parecido, mas certos detalhes complicam ainda mais a situação. Primeiro, as reportagens de TV não são produzidas em ordem, e sim, montadas muitas vezes pouco tempo antes do jornal ir ao ar. Depois, existe uma questão de logística bastante complexa, pois enquanto o veículo impresso tem espaço "ilimitado" (considerando a quantidade de matérias que cabem em um jornal), o correspondente televisivo tem seu tempo limitado, e também tem que ser o mais abrangente possível. Principalmente se for um telejornal de abrangência nacional.

Apesar de ter a esperança de entender um pouco melhor esta "problemática", mais uma vez eu não sabia o que esperar de um livro, quando resolvi ler o do Jornal Nacional. A História é contada sempre pelo lado do vencedor, ou seja, sempre de uma forma favorável a ele. E é isso que vem à cabeça quando a Memória Globo lança um livro sobre aquele que é o principal telejornal do grupo e, há bastante tempo, o mais importante do país. Algo de propaganda, de auto-afirmação, como a própria Rede Globo adora fazer.

É claro que o livro exalta as qualidades do seu "produto", mas nem por isso deixa de ser muito interessante. Organizado de forma cronológica, ele conta desde os primórdios do jornalismo da Globo (antes mesmo do nascimento do JN), quando o trabalho era praticamente manual, até os dias de hoje, época das grandes coberturas e das matérias "especiais". O livro acompanha também mudanças que muitas vezes passaram despercebidas do grande público, mas que ajudaram a construir a imagem atual do Jornal Nacional. Entre elas pode-se destacar a saída de Cid Moreira da bancada do telejornal (onde permaneceu do início do telejornal, em 1969, até 1996), e a evolução das reportagens ao vivo.

A saída de Cid Moreira obedecia uma orientação do então Diretor de Jornalismo, Evandro Carlos de Andrade, que era a de colocar jornalistas como apresentadores, pois isto, segundo ele, daria maior credibilidade às notícias, e os mesmos passariam a fazer parte também da produção do programa. Hoje, William Bonner e Fátima Bernardes, além de apresentadores, são os editores do JN, sendo Bonner o Editor-Chefe.

O outro aspecto é ainda mais interessante. Hoje nem se pensa nisso, mas houve um tempo em que as transmissões ao vivo eram simplesmente impensáveis. A conversa "ao vivo" por telefone entre apresentador e repórter já foi uma coisa fantástica na sua época. Com a evolução das tecnologias o repórter conversando ao vivo com a fonte, ou mesmo com o apresentador, se tornou algo rotineiro, normal, mas por muito tempo isto foi algo extremamente difícil de ser feito.

Sem dúvida, o momento mais polêmico dos 35 anos do Jornal Nacional foi a famosa edição do debate entre Collor e Lula, às vésperas do segundo turno da eleição de 1989. O livro dedica quase um capítulo ao fato, incluisive transcrevendo a íntegra do debate, mas não chega a conclusões. Nos depoimentos, cada um dos envolvidos na edição dá a sua versão da história, e não se chega a lugar nenhum. De qualquer forma, eu considero o simples fato de eles terem "aberto" o assunto desta forma, algo bastante elogiável.

O livro também conta como foram pensadas, produzidas e executadas praticamente todas as coberturas especiais. Copas do Mundo, Olimpíadas, seqüestros, atentados terroristas, acidentes marcantes, e até mesmo a eleição de Tancredo Neves e a sua morte antes de tomar posse.

Bem, certamente haveria ainda muito para eu comentar, mas também não quero reescrever o livro aqui. Fica a mensagem de que o livro vale a pena, tanto para jornalistas e profissionais da TV quanto para o grande público.

Boa noite!

15.12.04

3 em 1

Há mais ou menos 5 ou 6 anos eu "adotei" o nome Jack Daniel´s como meu nickname "oficial" na internet. No início servia basicamente para o ICQ, mas depois acabou se tornando um tipo de "assinatura" mesmo, com pessoas me chamando de "Jack" e tudo o mais. Hoje em dia, no MSN, sigo com a característica marca de whisky como identificação. Na verdade, não é nem que eu goste do whisky. O nick surgiu de uma necessidade, e acabou pegando.

Quando eu tinha 19 anos, meu nickname no ICQ era "Daniel19". Obviamente, por que meu nome é Daniel, e eu tinha 19 anos. Quando fiz 20, eu pensei em mudá-lo para "Daniel20". Só que eu conclui que isto não seria muito inteligente, pois todos os anos eu teria que ficar mudando de nick. Foi então que eu comecei a procurar alguma coisa que me identificasse, mas que eu não precisasse mudar anualmente. Acho que passei uma semana pensando, até que criei o "trocadilho" Jack Daniel´s.

Pra quem não sabe, meu sobrenome é "Jacques". E aí fica facil. Só inverti de "Daniel Jacques" para "Jacques Daniel" e estilizei, digamos assim, o sobrenome. Com o tempo, "Jack" se tornou, mais que um apelido, o meu terceiro nome.

Acredito todos os que me conhecem hoje em dia sabem que eu tenho dois nomes: "Fábio Daniel". Isto, por um lado, diminuiu bastante a confusão, mas por outro, acabou tornando a "diferença" mais clara.

O primeiro é jornalista. Responsável, exigente, profissional e objetivo. Muito capaz, bastante seguro. É o Fábio, o colega de trabalho ou de faculdade. Já foi colega de colégio, mas aí ele estava mais para "Daniel".

O segundo é amigo, irmão, primo, filho, cunhado, vizinho. É muito legal, se preocupa com os outros, algumas vezes até demais. Isto porque ele é muito inseguro. Se prioriza, mas sempre que pode leva os outros "pra cima" junto com ele. É o Daniel, o "Dani".

Quem me conhece por "Fàbio", muitas vezes não consegue me chamar de Daniel. E o mesmo ocorre com quem me chama pelo segundo nome. Na verdade, é curioso o que acontece quando alguém que me conhece por um dos nomes me chama pelo outro. Parece que a pessoa gritou, que ela falou alto. Porque soa tão "quadrado" que chega a chamar a atenção. Bem, não sei se alguém vai entender....

O Jack, no caso, talvez seja a mistura do melhor dos dois. E por quê? Porque ele não está cara-a-cara com ninguém. Não precisa mostrar seus defeitos e, de certa forma, nem "corre este risco". É claro que, quando o Jack está conversando com alguém que conhece o Fábio ou o Daniel, ele acaba se expondo um pouco mais, mas isso é até bem saudável, e para os 3.

Acho que isto tem a ver com o que esperam da gente, ou com o que acreditamos que os outros esperem da gente. Apesar de sermos sempre a mesma pessoa, em cada ambiente "mostramos" o que achamos conveniente, e acabamos criando personagens para agradar aos outros.

Calma, pessoal. Eu não estou maluco nem sou esquizofrênico. É claro que esta divisão entre 3 personalidades não existe tão definida assim. Na verdade eu sou o Fábio Daniel, que usa "Jack Daniel´s" como nick, apenas isso. A diferenciação ocorre por que o Fábio é o primeiro nome, como me chamam no trabalho e na faculdade, e Daniel é o nome que me chamam em casa, unicamente por que meu pai também se chama Fabio.

Aliás, o meu incomum nome composto também tem a sua história, mas isto é assunto para outro artigo.

9.12.04

Você tem medo de quê?



Medo. Acredito que poucas pessoas realmente saibam o que é isso. Não falo de medo do escuro, ou de montanha-russa. Falo de medo da solidão, medo da vida, medo da morte.

Talvez o medo seja uma coisa estereotipada. Algo não tão forte como parece. De qualquer forma, se é só algo que "pintam" pior do que ele é na verdade, meus parabéns, "pintam" muito bem.

Eu tenho medo. De uma única coisa, que eu não sei bem definir. Não é medo da vida, nem da morte. Nem mesmo é medo da solidão. Se eu fosse definir meu medo em uma palavra básica, seria "rejeição" (em qualquer nível) mas, na verdade, acho que é mais do que isto. Eu me sinto vulnerável. É como se eu tivesse criado um campo-de-força ao redor de mim e, protegido aqui dentro, eu estou seguro. Acontece que, para certas atitudes, certos aspectos da vida, eu preciso sair deste campo-de-força, ir lá e me esborrachar. Algumas vezes eu vou, sem problemas. Em outras, "daqui não saio, daqui ninguém me tira".

De certa forma, tudo o que eu aprendi até aqui em relação a relacionamentos, eu aprendi sozinho. Não que eu seja uma pessoa iluminada, ou que seja paranormal, mas eu tive que aprender na base da observação, tentativa-e-erro. É por isso, por exemplo, que eu não gosto (e não admito) que alguém venha "do nada" me dizer o que fazer ou como fazer. Ou mesmo que venham me cobrar coisas que eles achavam que eu deveria ou não fazer. Se não ajudam, pelo menos não atrapalhem. Respeitem para serem respeitados.

E nesta forma tentativa-e-erro, eu bati muito a cabeça. Um dia eu entendi o meu erro básico, e pensei: "Da próxima vez, eu vou agir diferente". E foi o que eu fiz. Quando notei que estava prestes a cometer o mesmo erro, mudei de atitude e fui direto ao ponto. Me quebrei, para variar. E, desta vez, a queda teria sido muito menos dolorida (como era de se esperar) se o objeto desta minha "nova tentativa" não tivesse insistido em ficar ao meu lado, como amiga, ainda, durante quase um ano.

Isto já está completando 2 anos e, desde então, eu nunca mais consegui me envolver profundamente com ninguém. Até tentei algumas vezes, mas, talvez até "fingindo indiferença", a verdade é que eu não consegui.

O estranho é que, se me perguntassem, eu diria que não tenho medo de ser rejeitado. Medo de ir lá, perguntar se a garota está afim e ela negar? Não me assusta.. "é só me afastar". Até porque eu acredito que a separação é um momento difícil, mas depois tudo se resolve. Já perdi o contato com pessoas muito queridas, muito importantes, e foi difícil, mas nem por isso deixei de viver e conhecer outras pessoas.

Mentira. Esta resposta é uma inútil tentativa de enganar, não a quem me ouve, mas a mim mesmo. E eu me engano? Não. Eu sei que é fácil dizer que não se tem medo de altura, quando se está no primeiro andar.

Pensando esses dias, eu conclui que o fato de eu ter tomado uma atitude logo de cara, no início do ano passado, e mesmo assim não ter obtido resultados (ao contrário, a absoluta descrença do "objeto" aos meus sentimentos piorou a situação), me petrificou. E isto explica a minha paralisia há alguns meses atrás quando, se eu fosse rejeitado, o preço "a pagar" teria sido, talvez, o mais barato possível. Afinal, a garota mora muito, mas muito, longe daqui.

Solução? Não sei. Atravessar o campo-de-força e voltar a tentar? Sim, óbvio, mas como fazer isso? Se alguém por acaso sabe que botão apertar, que alavanca puxar, vai fundo pelo amor de Deus!!!

Enfim, é como diz uma amiga minha. "O medo é o pior dos conselheiros".