31.1.05

And the Oscar goes to...


Como em todos os anos, o mês de janeiro marca a indústria cinematográfica com o anúncio dos indicados ao Oscar, supostamente as melhores produções do ano anterior. Mais uma vez, por sinal, sem grandes surpresas. Os filmes com maior número de indicações nem mesmo estrearam no Brasil ainda, então não há muito o que dizer. Para mim, Leonardo Di Caprio como melhor ator é um pouco demais, mas... quem sabe. O destaque da lista é o ator Jamie Foxx, que está indicado como melhor ator por Ray - biografia do cantor Ray Charles - e como ator-coadjuvante por Colateral, com Tom Cruise. Para o Brasil, depois da obviedade de que Olga não ganha prêmio de melhor filme nem do meu condomínio, fica a torcida por Diários de Motocicleta, dirigido por Walter Salles. O filme não foi indicado para concorrer a melhor filme estrangeiro por ser uma co-produção de vários países (entre eles, Brasil e Argentina).

Eu sempre gostei de cinema. No início, gostava das histórias, que mais tarde soube se chamam "roteiro". Depois, com a faculdade, comecei a me interessar pelos detalhes. A música, a fotografia, a montagem, o som. Hoje em dia eu gosto de reparar não apenas na história, mas em como esta história está sendo contada. O ritmo, o clima, a profundidade.

Gosto de prestar atenção na trilha sonora. Existem as clássicas que serão sempre lembradas por "aquele" filme, ou que o simples fato de ouví-las nos levará de volta às sensações que tivemos naquele momento. E também as que são mais "comerciais" mas que cabem muito bem em determinada cena, em determinado momento ou em determinado clima do filme.

Aposto que muita gente já pensou isso, mas é uma pena que a vida não tenha trilha sonora. Por exemplo.. estamos num dia contemplativo, melancólico, e aquela música suave de fundo... Ou estamos atrasados para alguma coisa, correndo contra o relógio, e aquele pop-rock, ou mesmo um rock´n roll.. Sem esquecer, é claro, do momento romântico... aquele momento em que você precisa dizer ou expressar alguma coisa, mas não está conseguindo. Alguém por favor aumenta o som??

Por outro lado, os indicados ao Oscar são sempre um exemplo de uma coisa que muita gente adora fazer: listas. Os melhores disto, os piores daquilo, meus livros favoritos, meus filmes favoritos, os 10 mais, enfim... Existe inclusive uma cerimônia paralela nos Estados Unidos, chamada "Prêmio Framboesa", que indica os piores do ano. Eu me lembro que "As Loucas Aventuras de James West", com Will Smith foi o grande vencedor uns anos atrás. Para este ano, George W. Bush - o próprio - está concorrendo por pior ator em "Fahrenheit 11 de Setembro", de Michael Moore. O meu voto já é dele...

Vou então tentar fazer uma lista dos "indicados" da minha vida em 2004. Não vou lembrar de todas as categorias, e sempre corro o risco de ser injusto com alguém por puro esquecimento ou por ter que escolher apenas 1, mas vamos lá:

Melhor filme: Fita da cerimônia de formatura de Jornalismo 2003/2, ocorrida em 23/01/2004;

Melhor ator: Rodrigo da Silva, proprietário do jornal replay. Nunca alguém foi tão cara-de-pau. Nem mesmo o Pinóquio!!;

Melhor atriz: Scarlet Carpes! Minha primeira contratada e hoje minha grande amiga!;

Melhor ator coadjuvante: Luis Felipe Corullón, o grande parceiro de 2004, sem dúvida!;

Melhor atriz coadjuvante: Fernanda Brisot! A grande amiga que, infelizmente, teve que nos deixar. Ela sabe que já está fazendo falta!!;

Melhor Diretor: Fábio Daniel L. Jacques (não é fácil manter a direção depois de um ano desses);

Melhor Roteiro Original: Jornal replay (na teoria);

Melhor Roteiro Adaptado: Jornal replay (na prática);

Melhor Fotografia: Gabi Di Bella, óbvio!!;

Melhor Trilha Sonora: The Beatles, pela 41a vez!!!;

Melhor Animação: "Os Incríveis" (o reencontro da galera do CBC em Novembro);

Melhor Filme Estrangeiro: Luana em Londres. Pensei em ir visitá-la, mas não foi possível. Pelo menos ela voltou!;

O ano não correspondeu às expectativas que se tinha dele, então não tivemos nenhum grande destaque. Fica o prêmio pelo conjunto da obra para todos os amigos que não estão nesta lista mas que foram destaque nos outros anos, ou em categorias que não caberia listar aqui.

E na sua lista, quais seriam os indicados de 2004?
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28.1.05

Eu odeio...



... gente falsa. Que tem uma cara quando você está presente, e outra depois. Ninguém é obrigado a gostar de todo mundo, mas ninguém deve ser obrigado a fingir que gosta.

... gente cínica. Que te diz coisas por dizer, quando elas poderiam ser importantes. Ou que se faz de amigo para poder falar mal de ti pelas costas.

... gente espaçosa. Que não respeita a casa dos outros, vai entrando como se fosse da família quando, na verdade, graças a Deus, nunca foi.

... gente estúpida. Que sabe que você não gosta dela, mas mesmo assim insiste em parecer seu amigo publicamente, mesmo depois de anos.

... gente idiota. Que mesmo depois de décadas de forçado convívio, ainda não se tocou que você não gosta dela, e que você não se sente elogiado quando ouve seu nome ser pronunciado por ela, não importa a situação.

... gente pequena. Que é educada ao extremo, quase mecânica, mas que na verdade esconde um cérebro de avestruz e está sempre pronta para te colocar para baixo.

... gente invejosa. Que passa a vida tentando supervalorizar as coisas que "conquista" - por menor valor que tenham - e, ao mesmo tempo, se esforça para desmerecer ou diminuir suas grandes conquistas. São as mesmas pessoas que, quando você cai, são as primeiras a estarem por perto "só para ajudar".

... gente cega. Que enxerga tudo isso, mas mesmo assim continua recebendo esses vizinhos por "boa educação". Se eles não têm boa educação com a gente, por que precisamos ter com eles?

... gente infantil. Que ao invés de respeitar, impõe regras que devem ser seguidas quer tu queira quer não, passíveis de ameaças, como há 20 anos. Chega. Agora, "o pulo é diferente comigo".

... gente "boazinha". Que se sente mal em querer mal a alguém. Se eu não sou unanimidade, não é você que vai ser.

... muito pouca gente. Mas aqueles poucos que eu odeio, eu odeio mesmo. Não desejo mal de verdade a ninguém, apenas a morte de alguns...
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24.1.05

A banda do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta



The Beatles. Para mim, existem duas coisas distintas. Eles, e música. Não sei explicar, mas é como se fosse outra coisa, mais do que isto. Como eu já escrevi em outro post, não faz muito tempo que eu os conheci de verdade, apesar de ouví-los desde criança. Sinto saudades dos domingos de manhã, época de colégio, em que eu acordava e da sala se ouvia, ou os (literalmente) grandes LPs, ou mesmo meu pai ao piano tocando "Help", "Something", ou qualquer outra música deles.

Apenas há poucos anos eu comecei a me interessar e conhecê-los mais profundamente, num maravilhoso círculo vicioso que não parece ter fim. É incrível como, em tão pouco tempo, a música deles mudou tanto, mas sem deixar de ser inconfundivelmente "beatle". Dos primeiros discos, em 63/64, até o final, antes de 1970, foram centenas de músicas falando de amor, com simplicidade e muito talento.

São incontáveis as histórias que eu já vivi "com eles", ou por causa deles. Minha coleção hoje inclui vários discos, muitas MP3, livros, alguns DVDs (incluindo o Anthology), e o poster que está no meu quarto. Perdi a conta de quantas vezes parei para ouvir uma "nova" música pela primeira vez, e me surpreendi com o que ela dizia. É como a bíblia... em cada uma delas se pode tirar uma lição, ou um pensamento importante.

De uns tempos para cá tenho começado inclusive a conhecer a carreira solo de cada um, pós-Beatles. Tenho tido ótimas surpresas, mas nada comparável ao quarteto original. Não acho que existam culpados ou razões específicas para o fim da banda. Para mim, eles ficaram muito grandes para si mesmos e seguiram o caminho natural. Pensando hoje, dou graças a Deus por nenhum deles ter decidido substituir um e seguir com a banda, por exemplo.

"Beatles", para quem não sabe, é um trocadilho com a palavra "beetle", que significa besouro, e a palavra "beat", que significa batida, ritmo. Assim, numa tradução livre, "The Beatles" seria mais ou menos "Os Batesouros". E aproveitando esta "liberdade poética", fiz uma pequena brincadeira com alguns títulos de músicas deles.

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Oh querida, (oh, darling)
te dei todo o meu amor (all my loving)
mas você não me enxerga (you won´t see me)
me diga porquê, (tell me why)

me diga o que você vê, (tell me what you see)
eu estou tão cansado, (I´m so tired)
fique comigo (stand by me)
dê uma chance à paz (give peace a chance)

Eu quero segurar a sua mão (I wanna hold your hand)
oito dias por semana (eight days a week)
a qualquer momento (any time at all)
mesmo quando eu tiver 64 (When I´m 64)

Com uma ajudinha dos meus amigos, (With a little help from my friends)
eu vou seguir em frente (I´ll be on my way)
eu vou seguir o sol (I´ll follow the sun)
livre como um pássaro (Free as a bird)

Quer saber um segredo? (Do you want to know a secret?)
ontem, (yesterday)
a noite passada (The night before)
foi a noite de um dia muito difícil (A hard day´s night)

Mas nós podemos dar um jeito, (We can work it out)
tudo que se precisa é amor (all you need is love)
Lá vem o sol, então... (here comes the sun)
Deixa estar.. (let it be)


P.S.: o título deste artigo é a tradução de
"Sergeant Pepper´s Lonely Hearts Club Band",
nome de uma das músicas e de um dos
álbuns mais famosos dos fab-four

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20.1.05

"O melhor blog sobre nada"


Há algum tempo, quando eu resolvi levar o Impressão Digital realmente a sério, ele nem mesmo se chamava assim. Era o "Jack Daniel´s Weird and Magic World", ou seja, o mundo mágico e estranho de Jack Daniel. Naquela época, eu não sabia como iria ser, estava apenas "indo".. tanto que a frase que servia de subtítulo na época era "O melhor blog sobre nada", e não "O mundo visto através dos olhos de um certo jornalista gaúcho", como é hoje.

A única coisa que eu sabia, como eu já disse aqui mais de uma vez, é que ele não seria sobre nada em específico. Não seria sobre política, sobre esportes, ou sobre qualquer outro assunto. Seria sobre tudo, e ao mesmo tempo sobre nada. De certa forma, eu sigo bem fiel a esta idéia. É difícil definir sobre o que o "ID" fala, se não sobre o que eu penso a respeito das "coisas".

E é daí que vem o nome "Impressão Digital". É um trocadilho visível com a mais tradicional forma de identificação de alguém (pelo menos na era pré-DNA). "Impressão", por que é isso que eu faço aqui... deixo minhas impressões, meus pontos de vista. "Digital", pois este é um veículo digital, não é papel nem rádio ou TV. O nome pegou, e hoje ele é uma "marca registrada" minha, no sentido de ter uma grande identificação comigo.

Contudo, ultimamente eu tenho me sentido meio "pesado" nos textos. Não que eu não concorde com tudo o que eu escrevi. Entretanto, eu acho que eu tenho me preocupado (talvez por causa do momento pelo qual eu estou passando) em dizer muito para as pessoas "pense duas vezes", "a vida não é fácil", "cuidado". É claro que eu só digo isto por que e quando eu acho necessário, mas eu também acho que a vida não é só isso.

Quem me conhece sabe que, além deste "intelectual" que tem dado as caras aqui no Impressão Digital, eu também sou uma pessoa muito bem humorada. Até acho que isto aparece em alguns momentos por aqui, mas talvez menos do que deveria. Com algumas exceções, eu tenho escrevido ótimos textos reflexivos, sobre coisas importantes até, mas sempre com um "timing" baixo, lento, "down". As pessoas têm elogiado bastante, graças a Deus, mas acho que é hora de mudar, preciso mudar a maneira de expressar, o enfoque, o ritmo!!

Não sou perfeito, nem este exemplo de bondade e maturidade que os meus textos aqui no Impressão Digital podem fazer parecer. Sei que sou uma pessoa muito legal, mas tenho defeitos que me incomodam, e muito. Também sei que tenho defeitos que incomodam aos outros, e muito também. Trabalhá-los é um exercício diário, do qual nunca vamos estar livres.

Vou tentar variar um pouco o estilo. Vou trabalhar mais com jogos de palavras, e com assuntos mais gerais. Já perdi a conta de quanta coisa deixei de escrever aqui por achar que "destoava" muito do que vinha sendo produzido. Digamos que o ID voltará a uma fase "laboratorial", de experimentos. Quem sabe incluir um pouco de ficção para falar de algum assunto?

Vamos ver como vai ficar...

Ah, e eu continuo contando com os meus amigos e leitores para sugestões, críticas ou reclamações, ok?
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18.1.05

O Grande Irmão está te olhando...



A fórmula é simples. São 14 pessoas escolhidas, sendo 12 especialmente escolhidas e 2 "sorteadas". Dezenas de câmeras e microfones captando e registrando tudo o que se faz, o que se diz e muito do que se pensa durante quase 3 meses. Na teoria, nem todos são o que parecem. O "jogo" faz com que os participantes acentuem determinadas características que não tinham para sobreviver, e acabam se tornando pessoas "de plástico".

Meia-verdade. Em 4 edições do BBB Brasil, ou seja, considerando as cerca de 50 pessoas que já estiveram lá dentro, nunca se soube de um caso em que uma pessoa tenha se revelado de uma certa forma lá dentro, e outra minimamente diferente aqui fora. É verdade que nunca mais se teve notícia de mais de 30 dessas pessoas, mas as que apareceram continuaram sendo as mesmas. Ou seja, para não ter que acreditar que todos sejam de personalidade fraca ao ponto de modificar-la substancialmente em poucas semanas, o que o BBB faz, de certa forma, é apenas tornar as pessoas mais "instintivas". Nenhuma delas, ou praticamente nenhuma, chega a ser falsa consigo mesma. São apenas falsas entre si, e isto é algo quase natural do ser humano.

Tem gente que olha o Big Brother Brasil pensando: "Mas lá não tem graça, é sempre tudo igual". Com certeza! Só que, se pararmos para pensar, aqui fora também é sempre tudo igual. E as coisas nem variam tanto assim. Aqui, onde não há câmera alguma, muitas pessoas agem como se estivessem sendo vigiadas 24 horas. Pensam, se expressam e reclamam do que acham que todos devem pensar ou do que acham que é legal reclamar ou ainda do que os outros acham legal expressar. Eu conheço muitas pessoas que, volta-e-meia, entram em contradição consigo mesmo. Possuem toda uma forma "naturalmente preparada" de agir mas, em determinada situação expõe sua verdadeira opinião ou um ponto de vista controverso colocando "em risco" alguma afirmação anterior.

Será mesmo apenas medo de aceitação? Eu acho que é um pouco mais do que isto, ou um pouco diferente. Nós somos educados padronizadamente. Na grande maioria dos casos, a questão de "se adaptar para viver em sociedade" é levada a sério demais. Todos gostam de pessoas educadas, mas aquelas pessoas educadas a ponto de não aceitarem um não como resposta não são muito fáceis de lidar. Ao mesmo tempo, quem é muito "independente" também não é bem visto, mas talvez aí estejam, em alguns aspectos, os mais confiáveis. Eu não sou educado como os primeiros, por que eu procuro ser educado por entender como e por que o ser, mas eu também não sou o segundo, por que na maioria das vezes o "independente", na verdade, só está se protegendo de não ser aceito, criando um "personagem" que, de cara, não vai ser aceito, lhe poupando o trabalho.

Eu disse em uma outra oportunidade, o negócio não é necessariamente ser autêntico, é ser individual, dentro e fora da casa. Com certeza no "mundo real" existem milhares de pessoas que trabalham constantemente como câmeras, prontas para registrar e alardear qualquer passo em falso que se dê. A vida aqui fora é igualmente uma competição, e nem de longe tão "fácil" quanto aquela da casa perfeita. Aqui, a luta pela sobrevivência é constante, e só o fato de você sobreviver não significa que vá ganhar um milhão de reais.

O Grande Irmão está sempre nos observando. Estamos constantemente sendo avaliados, aprovados ou reprovados, elogiados ou criticados. Na verdade, todos os que me lêem são parte do Grande Irmão que me avalia, e eu sou parte do Grande Irmão de cada um. A diferença é que podemos estabelecer os limites da sua influência sobre nós, e o quanto ou como queremos exercer influência sobre alguém.

Acho que é de se pensar...
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14.1.05

Simplesmente amigos


Era uma vez, um grupo de amigos. Eram 7, "quase 9". Durante alguns meses do longínquo ano de 1997, este grupo conviveu diária e intensamente.

O tempo passou, alguns se mudaram, moram longe. Outros, nem tão longe assim. O que ficou, sem dúvida, foram as amizades. Nem todas fortes como naquela época, com certeza, mas algumas muito mais "poderosas".

É claro que eu fazia parte deste grupo. E é claro também que alguns dos grandes amigos que eu tenho até hoje eu conheci (de uma forma ou de outra) nesta época.

Uma coisa que eu aprendi com a vida foi que nós nunca devemos esperar que os outros respondam as nossas demonstrações de carinho como nós responderíamos. Cada um tem seu tempo, e seu jeito de ser. Devemos valorizar o que recebemos, e não exigir o que esperamos.

A minha amizade com a Ana Paula da foto aí em cima é um bom exemplo disto. Ela fazia parte deste específico grupo de amigos que eu tive e, por morarmos no mesmo edifício por algum tempo depois, mantivemos contato. Contudo, um dia ela veio me dizer que estava se mudando. Eu, sinceramente, fiquei triste pois isso geralmente acaba causando um grande afastamento, apesar de involuntário.

Feliz e ledo engano. No dia em que ela ia se mudar a gente estava conversando e, como nunca antes, estávamos nos tornando realmente amigos. Não sei explicar o porquê, mas aquela conversa passou do "o que tu fez ontem" ou "tu viu aquele filme" para coisas mais pessoais. Ali eu passei a acreditar que esta amizade ia seguir em frente.

Anos depois, em Fevereiro de 2000, eu estava passando a semana em casa para começar a faculdade, mas ainda voltaria para a praia por causa do carnaval. No meio desta semana, nos encontramos, e eu acabei a convidando para voltar comigo. Para a minha surpresa (já que eu imaginei que, àquela altura, ela já estivesse cheia de programações), ela topou. Fomos, e este foi sem dúvida um final de férias muito legal. Ela inclusive foi muito importante num momento inesperadamente ruim daquele carnaval.

Muitos anos se passaram, e muitas outras histórias também. Ela, que quando eu conheci, estava no primeiro grau, hoje está fazendo duas faculdades. Em 2005, aliás, ela vai estudar na França, com o namorado. Aliás, ela está lá, e este é o motivo deste texto.

Ana. Qualquer coisa que eu disser aqui para expressar o quão especial você é para mim terá sido repetitivo. Como eu li uma vez, certas coisas a gente não precisa dizer, a gente pode simplesmente sentir. Tudo de bom para ti e para o Bruno, que 2005 seja um ano fantástico porque vocês dois merecem.

Ah! Bruno, cuida bem da nossa garotinha aí, beleza? E saiba que tu também é um cara muito legal. Aliás, especial também, se não ela não estaria contigo, ehehehe...

Se der, eu visito vocês. Se não, a gente se encontra no ano que vem!!!
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4.1.05

O mundo não é o bastante



"Eu quero!" É nessa simples frase que se baseia toda a publicidade. Há muito tempo o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema chamado "Eu, etiqueta!" no qual falava exatamente da quantidade de marcas que nos rodeiam, muitas das quais nós anunciamos sem nem mesmo saber a que se referem.

Para que serve afinal uma faca que corta até aço? Porque pagar um preço por um produto cujo similar, basicamente idêntico, custa até três vezes menos? Peraí... por que eu preciso trocar de carro mesmo? Sei lá... O fato é que eu quero aquele carro, e tem que ser aquele!! Porquê? Ora, por que ele é melhor que o meu, ou é mais bonito, é de um modelo mais novo.

Na verdade, a maior parte das coisas que compramos não são necessárias. E se tornam ainda menos imprescindíveis quando levamos em conta o esforço que temos que fazer para "conquistá-las", ou o que deixamos de comprar/fazer/conhecer em nome desta vaidade. Como você é?

Loira, olhos claros, peitos grandes, cintura fininha, quadris largos. Coxas grossas que vão afinando até o calcanhar. Uma lady no andar. Um sorriso de 32 dentes branquinhos. Cérebro? Não, não precisa. Mulher que pensa assusta!!

Loiro, mais de 1,80m, olhos claros, braços malhados e mãos grandes. Magro, mas nada exagerado. Viril, mas sem ser primata. Atencioso, carinhoso e independente. Que saiba escutar. Cérebro sim, mas não só "papo-cabeça".

Ah, é claro. Ambos brancos!!

Se você não é assim, trate de se apressar. Se não daqui a pouco sua vida vai passar na frente dos seus olhos e você não vai ter sido feliz. E isso é a mais pura verdade!

Como tudo na vida, isto se torna verdade no momento em que você passa a acreditar. Como Drummond disse, a gente acaba exigindo certas coisas das pessoas sem nem mesmo saber o porquê.

Por que Coca-Cola e não Fruky ou Pop-cola? Por que McBacon e não X-bacon? Humm... resposta? Porque sim!

É claro que tem gente que vai vir e dizer: "Coca é melhor que Fruky", "Mc é diferente de X", "Louis Vuitton não é qualquer bolsa". Ok, é claro que não é. Afinal, ninguém investiria milhões para fazer algo se pudesse o mesmo fazer com poucos reais. O que eu questiono não é o lado de "lá", mas o lado de "cá". Será que vale o esforço? Será que é mesmo necessário ser loiro(a), ter um corpo maravilhoso, uma Ferrari, um celular que tira foto e serve cafezinho e um(a) namorado(a) igualmente perfeito(a) para ser feliz? Acho que não...

Existe uma frase extremamente piégas que diz: "a beleza está nos olhos de quem vê" e, isto sim, é a mais pura verdade. O que a publicidade faz, e a sociedade, de um modo geral, segue lépida e faceira, é padronizar a beleza. Você acha "aquilo" bonito? Mas "isto" é muito mais, e tá todo o mundo achando muito melhor!

Eu não estou aqui fazendo uma campanha contra a Coca-Cola. Como eu disse, o problema não é lá, é aqui.

O que acontece é que a gente é treinado para cobrar muito de si mesmo e, por isso, a esperar sempre o melhor dos outros, seja no aspecto físico, social ou econômico. Isto cria um círculo vicioso difícil de quebrar. Quanto mais dinheiro a gente ganha, mais coisas a gente "quer" e mais dinheiro a gente "precisa".

Se eu acho que estou sendo original? Claro que não, eu sei que isso já foi dito antes, milhares de vezes. Mas a questão aqui não é ser original, é ser autêntico, ser... individual.

Agradecimentos especiais para a minha grande e querida amiga
Dea Mascarenhas, pelo logo e pela descrição do homem ideal