28.5.05

O CPI do Brasil



Quem me conhece sabe. Por mais desesperadora que pareça a atual situação sócio-política do Brasil, eu levo muita fé no país. Eu acredito que as coisas vem melhorando estruturalmente, ainda que devagar. Com um país deste tamanho, contudo, não teria como ser diferente..

Mas eu sou obrigado a admitir: cada vez está mais difícil manter esta fé. Eu continuo acreditando no futuro, sem pressa, consciente de que eu não viverei para ver o futuro que todos esperamos. "Até aí tudo bem", eu penso.. mas como que do nada o governo vem com uma "velha novidade" e esmaga a minha esperança.

A última dessas foi a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a corrupção nos Correios. Tem corrupção? Ok, então vamos investigar e punir os culpados, certo? Errado.. O que está em jogo aqui, e possivelmente em todas as outras "comissões" criadas até hoje (incluindo a que acabou derrubando o governo Collor) é desestabilizar o governo.

Corrupção sempre houve e sempre haverá. No governo e na oposição. Agora, esta hipocrisia de quem está na oposição vir dizer "olha, o governo é corrupto!!" é algo triste e revoltante. Os partidos de direita (PSDB e PFL) têm razão quando dizem que o governo do PT está provando do seu próprio remédio ao tentar, de todas as formas, impedir a criação da tal "CPI". O que eles parecem esquecer - mas na verdade apenas tentam dissimular - é que o chapéu também cabe em suas próprias cabeças, pois quando eram governo eles também usaram de todos estes artifícios para evitar outras "investigações".

É triste. Esta "CPI" está começando exatamente igual a todas as outras. Os mesmos discursos por parte da situação, e também da oposição. A "diferença" é que agora os atores inverteram os papéis. O mocinho está lendo o texto do bandido, e vice-versa...

Se pelo menos alguém entre os nossos congressistas estivesse realmente interessado em chegar a uma conclusão para punir corruptos, mas não. O que está em jogo é a eleição de 2006, o "poder". É incrível e absurdo que, para estes senhores, o seu próprio interesse sempre esteja acima até da governabilidade do país. Que estranha representatividade esta. Parece até que estamos assistindo algo de fora. É como se o que os nossos legisladores decidissem não tivesse nada a ver com a gente. Infeliz ironia...

Em nome de seus próprios interesses, os exageros chegam a níveis de "se isto é bom para ele, não me serve", não interessando para quem, além "dele", isto seja bom...

Comissões Parlamentares de Inquérito são apenas mais um exemplo de algo que na idéia é muito interessante, mas quando colocada em prática se torna apenas mais uma "arma de manobra". Fica difícil acreditar em alguma coisa assim...

Ao contrário do que muitos pensam, "CPI" não é algo que está previsto na Constituição de 1989. Também não é algo criado em outro país apenas adaptadamente utilizado aqui. O Brasil é, provavelmente o país com o maior e mais cara-de-pau CPI do Mundo...

O que temos lá em cima, em Brasília, é um grande CPI. O poder legislativo nacional não passa, no final das contas, de um Congresso Puramente Ilustrativo...
1707

23.5.05

A força de cada um


O universo está dividido entre pessoas boas e pessoas ruins. Contudo, ninguém nasce deste ou daquele lado. A escolha que se faz ao longo da vida é uma conseqüência de toda ela, e por mais segura que possa parecer, pode ser alterada a qualquer momento.

É desta dualidade que surge toda a saga de Star Wars (Guerra nas Estrelas, título antigamente utilizado em português). Na galáxia distante criada por George Lucas, ninguém é 100% bom ou 100% mal. "Bons" são os que reconhecem e controlam a raiva, o ódio, o desprezo e todos os sentimentos negativos que possuem. "Maus" são aqueles que por quaisquer razões não mais entendem esta necessidade, e buscam o poder a absolutamente qualquer custo, individualistas ao extremo, mesmo quando integrando um poderoso exército.

A história que terminou de ser contada com o Episódio III - A Vingança do Sith é a origem para a que foi contada há mais de 20 anos, pelo mesmo George Lucas. Enquanto aquela contava as aventuras de Luke Skywalker (acompanhado pela Princesa Léa, Hans-Solo, Chewbaca, Obi-Wan-Kenobi e Mestre Yoda, entre outros) contra o Império do Mal dominado pelo terrível Darth Vader, a atual conta a história exatamente anterior a esta, explicando como o jovem Anakin Skywalker se tornaria o maligno Vader, mesmo depois de ter sido um cavaleiro Jedi (algo como "o exército do bem").

A vida de Anakin Skywalker - que neste Episódio III finalmente se torna Darth Vader - é o que ilustra a idéia central de toda a saga. Um menino logo cedo descobre possuir uma "força" extraordinária, e passa a ser treinado para ser um Jedi. Contudo, por não saber controlar seus sentimentos ruins e por ser seduzido por outros já pertencentes ao "lado negro", acaba sucumbindo e se tornando o mais poderoso deles. Anos depois se torna o grande inimigo de seu próprio filho, verdade esta que foi escondida de ambos durante muito tempo.

Obi-Wan-Kenobi e Mestre Yoda são os únicos que sempre souberam da verdade. E eles são, também, os que sabem que a maldade não é algo "natural", como tão pouco é a bondade. Ambas são apenas resultados do contexto de uma vida e, como eu já disse, nunca são puras ou eternas.

Neste sentido, a filosofia proposta de George Lucas se aproxima bastante do que eu acredito. Não existe o bom samaritano de coração puro, mas também não existe a pessoa naturalmente má. É claro que existem pessoas de caráter e pessoas sem caráter, mas nenhuma delas é completamente isto ou aquilo, e nem totalmente culpada por ser assim.

Não estou pregando a paz mundial nem nada. O que eu digo, e acredito, é que todas as pessoas são, na essência, exatamente iguais. O resto é uma questão de oportunidades certas ou incertas, em cada, todo e qualquer aspecto.

"Força", bem entendido, não é força física. É um poder espiritual, este sim, natural a todos os seres vivos. É este poder que determina o curso da nossa vida, seja para o bem ou para o mal e, ao mesmo tempo, é o que nos torna tão diferentes.

Que a força também esteja com você!
1676

18.5.05

"Sozinho" ou "Roma ednarg uem oa"


Boa noite,

boa? será que é? Sinceramente não sei dizer... O que aconteceu com a gente, ou melhor, comigo, hoje, mudou alguma coisa. Não sei o quanto, não sei se tudo, mas alguma coisa mudou. Na verdade, não sei se mudou ou se apenas "transbordou". O certo é que eu não consigo mais segurar nem prever o que vai acontecer.

Eu sempre joguei claro, sempre limpo. Você também, eu sei, mas hoje você admite que poderia ter agido diferente, não é mesmo? Eu nunca te censurei por isso, apesar de concordar. Talvez por eu ter, algumas vezes, uma compreensão "do outro lado" maior do que deveria, ou do que o necessário...

Eu realmente não esperava que isto fosse acontecer. Depois de tanto tempo, tudo isso parecia tão longe... Meu Deus!!

Hoje, quando te falei sobre o que eu sentia naquele tempo, eu me senti bem. É ótimo dizer para alguém que você a amou, e poder ser compreendido neste sentimento, ainda que de forma alguma correspondido. Desculpe, mas vinho tinto e vinho branco podem ser muito parecidos, mas não são a mesma coisa...

Você diz que tem vontade de chorar. Vontade eu tenho também, mas eu acho que a minha tristeza não é algo tão facilmente externável. Eu sinto como se eu tivesse redescoberto uma âncora que eu acreditava há muito levantada.

O que eu vou fazer agora, você pergunta. Não sei, eu respondo, e é o máximo que eu posso dizer com certeza. Hoje eu te disse como agora eu vejo que somos mais diferentes do que eu pensava lá atrás, mas eu também ressaltei que eu "entendo" o que eu sentia. "Entendo o que eu sentia"? Talvez isto seja simplismo da minha parte...

Como eu queria que nós dois não fôssemos nós dois, mas infelizmente nós dois só somos nós dois por que nós dois somos nós dois. Complexo, não é?? Talvez ninguém mais entenda, mas eu sei que você vai entender...

A pergunta que fica é... afinal, por que não? E a resposta é, como eu sei e já te disse, simplesmente porque não. A gente não escolhe quem ama, e isto, apesar de injusto, é suficiente para explicar o nosso desencontro.

Antes de eu saber do tamanho deste, ou daquele, sentimento, eu uma vez escrevi que tu era um "capítulo" da minha vida, lembra? Eu ainda acreditava que éramos amigos, e dizia que a nossa convivência era tão importante para mim que tu rapidamente te tornara uma das coisas mais importantes da minha vida. É, eu tinha razão.. mais razão do que eu pensava até...

Eu preciso ir em frente. Independente de qualquer coisa, eu preciso seguir a minha vida. Exatamente como eu acreditei que estava fazendo dois anos atrás...

Desculpe ter te escrevido algo tão sem pé nem cabeça, mas eu precisava desabafar...


Beijos,
Fabinho
1648

12.5.05

O que são 60 anos?



Respondendo direto, são 720 meses. Ou 21915 dias, 525960 horas ou 31557600 minutos. São cerca de 4 gerações, se contarmos questões sócio-comportamentais. Contudo, se levarmos em conta outros pontos de vista, 60 anos pode parecer passar instantâneamente...

O fim da Segunda-Guerra Mundial é um bom exemplo disso. Para os poucos ainda presentes que viveram o seu terror, é como se o tempo nunca passasse. Assim como para cidades, regiões e culturas que estão para sempre marcadas por estes fatos acontecidos "há tanto tempo"...

O mesmo vale para a História. Para este relógio incessante que começa Deus-sabe-onde e termina nem Deus sabe quando, 60 anos são poucos minutos. As raízes "diretas" da Segunda-Guerra, por exemplo, remontam a um tempo anterior de mais de 60 anos.

Quando se estuda a fundo essas raízes, entende-se que um confronto mundial seria, de certa forma, inevitável. É claro que não era necessário que ele chegasse às proporções que atingiu, mas o mundo passava por uma fase de transição de sua estrutura política nunca antes ocorrida tão rapidamente. Era o fim dos imperialismo e de suas monarquias absolutistas, e o início dos Estados Nacionais. Itália e Alemanha, os últimos a se unificar, precisariam correr atrás do prejuízo dentro da lógica colonialista da Europa de então. Portugal e Espanha, outrora grandes potências, já não tinham mais o mesmo poder pois suas colônias há muito haviam se tornado independentes.

É nesta Alemanha "atrasada" na corrida imperialista que surge Adolf Hitler. Austríaco, homem das artes, grande amante de seu país e, mais do que isto, da sua nação germânica. É um dos fundadores - junto com outros homens que pensavam como ele - do partido nacional-socialista alemão, o partido nazista. Defendia uma Alemanha forte, progressista e xenófoba. "Pregava" a supremacia da raça ariana (brancos e não-judeus) e o pan-germanismo (Alemanha para os alemães, onde quer que eles estivessem).

Exceto pelas questões racistas e do uso indiscrimidado da força para fazer do mundo uma "grande Alemanha", Hitler era sim, um homem muito inteligente. Ninguém conquista o poder que ele teve por acaso. Suas razões e seus métodos são altamente questionáveis, mas sua perspicácia e inteligência não. Hoje, por exemplo, se acredita que os alemães que conduziram Hitler ao poder estavam sendo enganados. Não, não estavam. Para quem vivia na Alemanha de então, as promessas do Fürher mostravam uma chance de recuperação e, por isso, era natural que ele conquistasse o apoio popular necessário para chegar aonde quisesse. Depois de receber "carta branca" de seu povo é que Hitler mostrou a sua face mais cruel.

A História é contada pelo lado vencedor. Não estou dizendo aqui que Hitler não fosse um fascínora, mas digo e defendo que os ingleses, franceses e americanos não eram os homens mais bondosos e puros de coração que Deus já colocou no mundo. Será mesmo possível que só os nazistas tinham campos de extermínio? Os aliados, então, só prendiam os inimigos, sem matar, e os colocavam em celas especiais por que muitos deles tinham terceiro grau, certo? Comigo não, violão...

Meus mais profundos respeitos às vítimas desta e de todas as outras atrocidades de qualquer tempo. Independente da "verdade", ninguém merece sofrer, muito menos por coisas que na verdade estão alheias aos seus próprios problemas e a sua própria vida.
1618

9.5.05

Estou cansado...



É. Esta é a conclusão que eu chego. Estou cansado. Cansado de ser e não ter, de poder e não fazer, de querer e não poder. Cansado de teoria, cansado de "se"... cansado de não ser.

Não sei nem o que escrever, só sei que estou muito desanimado. Pela bilionésima vez nos últimos 12 meses eu tenho uma boa possibilidade de trabalho. Por incontáveis vezes, às vezes quase semanalmente, ou me surgia uma oportunidade, ou eu conseguia "criar" alguma. Por diversas razões - que, na esmagadora maioria das vezes, para não dizer todas, foram externas a mim - nenhuma se concretizou. E eu sigo aqui, sabendo e ouvindo que eu sou capaz, e que o meu dia "vai chegar"...

Eu falo em 12 meses pois agora em maio eu completo 1 ano desempregado. Tudo bem, eu sei que é conseqüência de uma escolha que eu fiz. Eu sei também que quando eu fiz essa escolha eu não sabia do tempo que eu levaria para "me levantar" caso desse tudo errado. Mas quando eu penso.... um ano!! Meu Deus... daqui a pouco as datas vão começar a se repetir... e eu... na mesma... Por quê???

A mim não interessa, neste momento, o resto do mundo. Quero dizer, não vem ao caso se eu sou mais ou menos capaz que um ou que outro para este ou aquele trabalho. O que eu sei, e o que me interessa, é que eu sou capaz, e que eu quero trabalhar. Eu quero uma oportunidade para colocar na prática tudo o que eu, até agora, "pareço" saber. Chega de brincar de jornalista, eu quero é trabalhar!!!

Sempre me orgulhei de nunca ter precisado do famoso "QI" (quem indica) para trabalhar. É claro que, algumas vezes, a minha contratação foi referendada por pessoas que me conheciam, mas eu nunca pulei qualquer processo de seleção ou mesmo deixei de conquistar as coisas, por menores que fossem, a partir do meu próprio valor. Pois é, talvez aí esteja o meu erro...

Alguns devem estar se perguntando: "Mas e Londres?". Londres, meus caros, é uma ótima opção. Estupenda até, eu diria, mas nada mais do que uma opção. A idéia de ir pra lá continua, se (o maldito "se") não rolar um emprego legal aqui antes. Eu sei que lá eu ganharia mais fazendo "menos", mas pra mim o fundamental não é grana. Como eu já disse, tenho um grande prazer em trabalhar, e ganhar para fazer isso é mais do que suficiente para mim.

Eu estou escrevendo num momento muito... sei lá. No fundo, eu tenho esperança de que esta resposta que eu estou esperando seja positiva, porque eu, mais uma vez, acredito ter condições de fazer o trabalho e acho que consegui demonstrar isto durante este processo de seleção. Contudo, a possibilidade de não conseguir esta posição é a âncora que está me puxando para baixo agora.

O tempo não para e o mundo não espera. Até que alguém me entenda, quem vai ter que esperar sou eu.....
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