24.2.07

Só não vale apertar "Stop"



O que você faria se tivesse a oportunidade de conseguir um contole remoto para controlar a sua vida? Voltar aos bons momentos, pular os momentos desagradáveis ou tediosos, ver as coisas de novo e saber como vai ser o seu futuro. Que tal?

É tentador, eu sei. E é disso que trata o último filme do Adam Sandler, "Click". No filme, ele interpreta um jovem pai de família que coloca o emprego acima do afetivo. Confuso com o número de controles-remoto que tem em casa, num certo dia ele resolve comprar um modelo "universal". Sem saber, acaba comprando um controle do tempo...

O controle permite que ele viaje apenas na sua própria vida. Ele não pode, por exemplo, presenciar momentos, no passado ou no futuro, que ele não tenha presenciado de verdade. Não vou falar mais da história, mas vale dizer que é um bom filme, divertido, mas com uma mensagem legal.

A questão, aliás, é exatamente esta. A mensagem. Quando eu vi o trailer no cinema, gostei do filme. Mas, com o Adam Sandler, não esperava nada muito profundo. Achei que seria mais uma boa comédia com ele. E é, mas não é só.

O filme faz pensar. Depois que se vê o que acontece com o personagem de Sandler, a gente pára para pensar. E se fosse comigo? Será que eu faria igual? Será que eu cometeria os mesmos erros? Será que valeria a pena?

Estou tentando escrever sem estragar o filme, mas alguma coisa eu vou ter que dizer. Quem não viu o filme, veja, e se não quer perder a surpresa, pare aqui e volte a ler depois de ter visto o filme.

Continuando... O controle tem uma desvantagem. Conforme você avança o tempo, não há como voltar. Não é para você ficar resolvendo seus problemas, mas sim, para viver o que acredita ser o mais importante. Pode se voltar e rever situações, mas não se pode mais interferir.

A gente vê o personagem perder grandes oportunidades. Por pressa, medo e alguns equívocos, ele acaba complicando cada vez mais uma situação que poderia ter sido resolvida de forma bastante simples, no primeiro e em milhares de outros momentos. Contudo, no calor das emoções, a situação vai apenas ficando cada vez pior até o seu inevitável fim.

Não importa o que pode ser ou o que poderia ter sido. Importa que temos sim, o controle da nossa vida. Nada nem ninguém pode tirar de nós o livre-arbítrio que, para quem acredita, Deus nos deu. Contudo, nem mesmo Deus pode desfazer o que já está feito... Nem mesmo o controle universal resolveria essa..

Eu acho que a pior coisa que pode acontecer com alguém é chegar a uma certa idade com a conclusão de que envelheceu e não viveu, e não soube dar valor às pequenas coisas, à família, às pessoas, aos amigos.

Será que não agimos assim? Preocupados com o que vamos ser, com quem vamos estar, valorizando o amanhã e os grandes momentos. Com medo de ficarmos sozinhos para sempre só por que estamos sós hoje? Achando que ninguém nos dá bola só por que ninguém nos elogiou hoje? O filme faz a gente refletir, mas é como eu sempre digo: O momento é este, o dia é hoje e a vida é agora.

O personagem de Sandler tem uma segunda chance, mas nós não temos. É piegas aprender com os outros, com o cinema, sim, é. Neste caso, contudo, se não for assim, não aprenderemos nunca ou, quando aprendermos, só poderemos lamentar.

Aproveite os pequenos momentos. Reconheça o que você tem e o que você pode. Respeite e admire o que você é. Tenha consciência de que nada vai durar para sempre. Nada, nem os momentos ruins, nem os bons.

O mais importante é ter objetivos e ir sempre e incansávelmente atrás deles. Como se diz, "faça sempre o melhor que você puder, ou você já ouviu falar de "Alexandre, o Médio"?"

Use bem o seu controle. Vale tudo, só não vale apertar stop.
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