8.11.04

Nômades da boa música....

Se nos anos 80, Brasília foi o berço das grandes bandas do rock nacional, nos anos 90 o mesmo aconteceu com Minas Gerais. De cara, me lembro de 3 bandas mineiras que explodiram no país inteiro no início dos anos 90: Jota Quest, Pato Fu e Skank.

O Jota Quest, na minha opinião, se perdeu muito, do início da carreira pra cá. De uma música descompromissada, começaram a partir para algo mais "popzinho" a partir do terceiro disco, e hoje já estão completamente perdidos...

O Pato Fu mantém a boa qualidade, tendo feito ótimas releituras de músicas antigas, além de ter várias canções "autorais" também muito boas. Há tempos não tem lançado nada, mas quando lançar vai merecer um post...

O Skank é, sem dúvida, o que, dos três, se mantém na mídia de forma mais permanente. O seu último disco, o "Cosmotron", até foge bastante do estilo dos grandes sucessos da banda como "Garota Nacional", "Resposta", "Jackie Tequila", mas não deixa por isso de ser muito bom. Como está escrito no site da banda, algumas baladas servem tanto para "agitar a galera no verão quanto para curtir mais quietinho no inverno".

O que mais chama a atenção neste disco são as letras. O Skank sempre tenta dizer alguma coisa com suas músicas, mas acho que este é o disco mais... "intimista", e mais complexo, neste sentido. É todo sobre sentimentos, impressões (não necessariamente digitais, hehe), sensações... E nada fica muito claro, deixando as letras para uma interpretação subjetiva, que cada um "enxergará" de uma forma diferente.

A minha música favorita é "Nômade", que fala, na minha opinião, de auto-estima, em frases como "A minha casa está onde está o meu coração/Ele muda, minha casa não". Para mim isto diz, basicamente, "eu gosto de mim assim, e me permito mudar, mas nunca deixarei de ser eu mesmo". Outra frase muito boa está em "Amores Imperfeitos": "Sei que amores imperfeitos / são as flores da estação".

Não poderia deixar de falar de "Vou deixar". Tema da novela "Da Cor do Pecado" da Rede Globo, é a mais conhecida do disco, também muito boa, mas que sofre do mal de ter tocado demais nas rádios...

O disco também tem uma boa programação visual. Todo trabalhado (capa, livrinho, CD, material promocional) em laranja, dá bem o clima psicodélico do disco, e deixa bem clara a mudança conceitual da obra em relação às anteriores. Confesso que, quando uma amiga me mostrou o disco pela primeira vez eu achei que eles tinham mudado "demais", mas depois, ouvindo com calma, eles continuam os mesmos de sempre, apesar de terem mudado tanto.

Não duvidem, ou, podem esperar outra surpresa para o próximo disco do Skank. Algo diferente e, para muitos, inesperado. Que talvez decepcione a alguns, mas que certamente vai manter a qualidade de todos os discos anteriores.

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