26.11.04

O contador de histórias...

Houve uma época na minha vida em que eu, parafraseando o título da recente auto-biografia do Gabriel Garcia Marquez, "vivia para contar". Eu não tinha bem noção disso, aliás, nem reparava, mas era mais ou menos isso que acontecia. Ao mesmo tempo que eu era sempre o protagonista da minha vida (e isto eu continuo sendo), eu guardava as coisas na memória com uma riqueza de detalhes tão grande que, na verdade, "personagem principal" seria o termo mais apropriado.

Não me lembro quando eu "notei" isso. O que eu sei é que houve um momento no qual eu parei de me preocupar com isso e, desde então, quanto mais distantes do "hoje", mais confusos os fatos estão na minha cabeça (como acontece com todo mundo). Ainda assim, o que aconteceu antes desta mudança continua "catalogado" na minha mente.

Tem gente que tem piada pra tudo, não é? Eu, no caso, diria que tenho história (de vida) para tudo. O caso aqui não é ensinamento, ou demonstração de experiência de vida. Eu apenas tenho histórias, porque até hoje vivi minha vida aproveitando-a muito bem e pretendo continuar fazendo assim. Meus amigos mais próximos sabem disso, e sabem também que às vezes eles têm que me lembrar se eu já contei ou não "aquela história" para eles. Existem as "clássicas", que eu vivo contando, mas essas realmente valem a pena. Ou são engraçadíssimas, ou são curiosas, ou tem algo de... "pitoresco". Algumas, como acontecia com o Forrest Gump, beiram até o inverossímil. Outras não poderiam ter acontecido com outra pessoa.

De certa forma, o jornalismo e o Impressão Digital nasceram desta mania, ou deste costume que eu tenho de contar histórias. De conversar muito, de gostar de falar e de comentar. Muitas vezes pessoas já me disseram para colocar algumas dessas histórias em um livro. Eu mesmo já pensei nisso, mas, para chegar a escrever um livro eu precisaria tomar certos cuidados, pois, afinal, eu não vivi elas sozinho. Eu até já contei algumas aqui no ID, mas muito poucas. Muuuuito poucas mesmo. Existe ainda um sem-número de pessoas, fatos, e/ou situações que valeriam a pena ser comentadas aqui que eu ainda não cheguei nem perto. Não por não querer, mas apenas por que ainda não "chegamos lá", digamos assim..

Ao contrário de muitas pessoas, eu até gosto de contar uma história mais de uma vez. É claro que ela tem que valer a pena, mas eu sempre acabo rindo de novo, ou refletindo de novo e entendendo algo novo. Acredito que seja uma forma de reforçar experiências de vida, e é uma boa forma de manter a eterna busca da auto-compreensão. Eu, por exemplo, adoro reler os textos aqui do ID, mesmo depois de tempos. É interessante ver o que eu falei sobre determinado assunto, ou como eu falei sobre ele. Afinal, as histórias contadas aqui são resultado de um exercício diário.

Eu até formei, na minha cabeça, uma lista de assuntos para tratar aqui, mas, a cada dia eu pego um deles e escrevo "sem pensar". Nunca deixo um texto pela metade para "terminar amanhã". Um exemplo disto, alías, está no próximo texto aqui do Impressão Digital. Para saber sobre o que vai ser, só esperando. E isto também vale para mim!

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