23.11.04

A raposa sortuda

O último livro que eu li é um daqueles que estava na minha lista de leitura desde que fora lançado, há quase 3 anos. Perdi a conta de quantas vezes varri as livrarias e os sebos do centro de Porto Alegre atrás de "Lucky Man", de Michael J. Fox, sem nenhum sucesso. Algumas vezes até me ofereceram encomendá-lo, mas ficaria muito caro. Foi necessário que um grande amigo, amigão mesmo, o encontrasse na França para eu conseguir a minha edição. Em inglês, é claro...

Eu queria muito ler este livro mas sem saber direito o que esperar dele. Afinal, é a auto-biografia de alguém que, além de estar vivo, está com apenas 44 anos (idade estranha para se escrever uma biografia). Além disso, eu o conhecia basicamente por filmes como "De Volta Para o Futuro" e "Dr. Hollywood", ou por séries como "Caras e Caretas" (Family Ties) e "Spin City", ou seja, não sei se a sua biografia seria interessante para mim. Isto se devia ao fato de que eu sei que, no mundo das celebridades, volta-e-meia acontece algo.. "desagradável", que nós, "o público", não ficamos sabendo e, quando sabemos, descobrimos que nem fazíamos tanta questão assim...

Felizmente, me surpreendi muito positivamente com a obra. O livro é muito bem escrito, e não é uma tentativa do Michael de dizer "eu sou o cara!", "me admirem!". Pelo contrário, ele resolveu escrever o livro para, antes de contar a sua história como astro de TV e Cinema, falar da sua luta contra o mal de Parkinson, doença que ele teve diagnosticada aos 30 anos. Logo no início ele explica que o nome do livro, que significa "homem sortudo", se refere a mudança de pensamento que a doença trouxe para ele, e como ele aprendeu a viver muito melhor depois que soube que não teria "todo o tempo do mundo".

Ele conta a sua história desde a infância no Canadá (onde nasceu em 1960) e, desta época, destaca as figuras de seu pai e sua avó paterna. Foi lá que ele teve, ainda despretensiosamente, seus primeiros contatos com o teatro, e que decidiu tentar a vida em Hollywood. Em 1980 ele iniciou sua carreira, que explodiu em 1985 com a série "Family Ties" e a trilogia "De Volta Para o Futuro". A partir daí ele fala de seus dias de "Deus", onde um comentário dele sobre a marca de cerveja que gostava lhe rendeu fornecimento grátis da mesma durante vários anos (já que, para a empresa, bastava ter seu nome associado a um astro). Fala de seu encontro com a Princesa Diana - então esposa do Príncipe Charles - na premiére mundial de seu maior sucesso, e explica que enquanto para os outros atores ela era "apenas uma autoridade", para ele a emoção vinha do fato de que, futuramente, ela seria a "rainha do Canadá".

Em 1991, a descoberta que mudaria toda a sua vida. Durante quase sete anos ele escondeu a doença de todos, e também teve que aprender a lidar com ela. Quando a tornou pública, em 1998, ele já estava pronto para encarar a repercussão que isto poderia ter. Foi aí que ele criou a "Michael J. Fox Foundation for Parkinson´s Research" (Fundação Michael J. Fox para Pesquisa do Parkinson), entidade que se destina a financiar a pesquisa da cura da doença em todo o mundo. O objetivo da Fundação é encontrar a cura da doença ainda na primeira década do novo século, e ele acredita muito que isto seja possível.

Quem sabe um dia, se a cura do mal de Parkinson for mesmo encontrada nos próximos anos, voltaremos a ver Michael J. Fox estrelando um grande filme. Isto seria fantástico, pois, por muito tempo, terá parecido impossível. Vamos torcer!!

Obs:Um agradecimento muito especial ao meu grande
amigo Denis pelo inesquecível presente de aniversário!

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