Mas foi sem querer querendo...
Digam o que quiserem, mas o Chaves é o melhor. Talvez, depois de se assistir algumas vezes se torne o mais previsível também, mas poucos programas conseguem ser engraçados pela ingenuidade, como é o caso do menino do barril.
Eu lembro até hoje a primeira vez que assisti a um episódio do "Chaves". Na verdade, era um episódio do Chapolin. É um clássico (como a maioria), do inventor que tinha robôs para fazer tudo. Para quem conhece, é o episódio dos "metacapianos" (me tocar guitarra, me tocar violino...). Isto deve fazer uns 20 anos, talvez, não sei ao certo. O que eu sei é que passei grande parte da minha vida escolar assistindo, sempre aos mesmos episódios, na hora do almoço.
O argumento é bem simples. A "turma" é liderada pelo menino órfão que, ao que parece, mora no barril. Tem também a menina inteligente filha do pai caloteiro e eterno desempregado, a velha solteirona, a mãe metida a besta e o filho mimado. Tem também o professor - raro sinal de "cultura" no meio de tanta ignorância -, o dono da vila, rico, e seu filho "pode-tudo". É o que basta para uma fonte interminável de besteiras, confusões e trapalhadas.
De certa forma, o Chaves retrata o mundo visto pelo lado das crianças. Não no sentido filosófico, mas no sentido da amizade, do aprender a dividir (do parar de dizer "eu tenho isto, e não te do-ou!"), e no da educação que recebemos na escola e em casa. Não acho que tenha qualquer preocupação moralista, mas apenas divertir. É uma forma, digamos, de mostrar como a vida pode ser triste (na pobreza dos personagens) mas, ao mesmo tempo, engraçada.
É claro que não podemos nos esquecer do maior super-herói latino-americano. O Chapolin Colorado. É a sátira a todos os outros super-heróis. Desastrado, burro e sem nenhum super-poder (além das pastilhas encolhedoras), o "vermelhinho" resolve as mais diferentes encrencas de uma forma que ele mesmo não consegue explicar. Suas frases clássicas também são marcantes: "Sigam-me os bons", "Suspeitei desde o princípio", "Não priemos cânico". Em alguns episódios ele faz paródias de cinema, ou que ele utiliza parábolas bíblicas ou históricas para resolver os seus casos. "Guilherme Tell" e "Dançando na Chuva" são alguns exemplos do primeiro, e "O Rei Salomão" e "Cleópatra", do segundo.
Vale mencionar ainda o Doutor Chapatin. O atrapalhado médico que também tinha as suas aventuras, apesar de participar de alguns episódios dos outros dois personagens. Os três personagens, aliás, são interpretados por Roberto Gomes Bolaños, autor e criador da série. No México, seu país de origem, ele também é conhecido como "chespirito", por ser considerado um sucessor de Shakespeare, tamanha é a sua fama e o seu talento. O Chaves e sua turma, na verdade, é apenas uma das várias criações de Bolaños, e a única famosa no Brasil.
Este é, sem dúvida, um dos melhores programas infantis da televisão brasileira. É engraçado sem ser violento, preconceituoso ou maldoso. Passa uma mensagem legal e, principalmente, diverte!
Para quem não entendeu, uma última explicação. "É só bater com isto nisso, para que isto suba até aquilo!"
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