28.12.04

O mundo não está nem aí para nós...


Peço licença aos leitores do Impressão Digital para repetir esta imagem. Nunca pretendi nem pretendo fazer isto de novo, mas talvez nenhuma imagem seja mais expressiva para a idéia que eu quero expor agora do que esta. Tenho certeza que todos leram reportagens, viram matérias na televisão ou ao menos ouviram falar do "tsunami" que atingiu o Oceano Índico no final de semana. Até agora, 60 mil mortos segundo o Terra.

Ou seja, 60 mil vidas que acabaram de uma hora para a outra. Sessenta mil preocupações que, em frações de segundo, perderam totalmente o sentido. Isso, claro, sem levar em conta as milhões de vidas que ainda sofrem e sofrerão as conseqüências "de terem sobrevivido".

O meu pensamento hoje está com os mortos. Em que será que eles pensavam? Será que entre eles não havia, por exemplo, um jovem tailandês, formado, mas que estivesse vivendo uma crise de personalidade, e que estivesse lentamente tentando encontrar seu lugar no mundo? Quem sabe lá também houvesse uma jovem cingalesa (do Sri Lanka) que recém tivesse terminado um relacionamento de anos, e estivesse acreditando que nunca mais amaria ninguém? Ou ainda, um malasiano que ia entrar 2005 realizando o grande projeto da sua vida, seja profissional ou pessoal?

Não importa. O primeiro nunca saberá, mas talvez tenha "perdido tempo" pensando em algumas coisas, enquanto sua vida se aproximava de um imprevisível fim. A garota, por outro lado, talvez tenha descoberto que a resposta da sua pergunta era "sim, mas e daí?". O último, se teve tempo de pensar, talvez tivesse pedido a Deus "uma última chance", ou talvez tenha morrido em paz.

Que diferença faz? O que se sabe é que em algum lugar no meio do Oceano Índico as placas tectônicas se chocaram como há muito tempo não se tinha notícia, causando um terremoto de 8.9 graus na escala Richter. Por ter sido no meio do mar, este "maremoto" destruiu tudo o que encontrou pela frente, de paraísos naturais a cidades inteiras.

Não sei se vão me entender mas, na verdade, é como se tudo fosse "paisagem natural". Terremotos, maremotos, vulcões, tempestades, ciclones... São vários os "desastres naturais" que volta e meia acabam com milhares de vida em todo o mundo. E, por serem naturais, são incontroláveis. Pouco importou, por exemplo, para o tsunami que invadiu a Ásia, se o que ele tinha pela frente era uma ilha paradisíaca ou uma cidade onde viviam milhares de seres humanos. Ele simplesmente passou por cima...

Na verdade, nós estamos aqui por que a nossa boa "mãe-Terra" nos autoriza. Se por um lado, e de uma certa forma, ela não cobra aluguel, por outro ela também nunca nos deu direito de propriedade. Na hora que ela bem entender, ela nos joga pra fora, sendo engolindo, jogando longe, soterrando, afogando...

O que eu quero dizer? Quero dizer que nós não somos "senhores da Terra", muito menos "senhores da Vida". Nosso tempo é limitado, e sem data para acabar. Na verdade, não há nada que garanta que se vá viver até os 70 anos, senão a nossa arrogância de "imortais". Não, eu não estou querendo dar lição de moral, nem acho que alguém tenha o direito de fazer isso. O que eu estou tentando dizer é que, quando se diz que a vida é curta, não se está brincando.

O negócio é saber aproveitar. Saber que sofrimento faz parte sim, mas que a vida não é só isso. Ao mesmo tempo, saber que a gente deve viver sempre de olho no futuro, mas com os pés no presente. Seja em relação a sentimentos, a profissão, ou a qualquer outro aspecto que se queira considerar.

É isso. Com os olhos no futuro sim, mas com os pés no presente!

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