9.12.04

Você tem medo de quê?



Medo. Acredito que poucas pessoas realmente saibam o que é isso. Não falo de medo do escuro, ou de montanha-russa. Falo de medo da solidão, medo da vida, medo da morte.

Talvez o medo seja uma coisa estereotipada. Algo não tão forte como parece. De qualquer forma, se é só algo que "pintam" pior do que ele é na verdade, meus parabéns, "pintam" muito bem.

Eu tenho medo. De uma única coisa, que eu não sei bem definir. Não é medo da vida, nem da morte. Nem mesmo é medo da solidão. Se eu fosse definir meu medo em uma palavra básica, seria "rejeição" (em qualquer nível) mas, na verdade, acho que é mais do que isto. Eu me sinto vulnerável. É como se eu tivesse criado um campo-de-força ao redor de mim e, protegido aqui dentro, eu estou seguro. Acontece que, para certas atitudes, certos aspectos da vida, eu preciso sair deste campo-de-força, ir lá e me esborrachar. Algumas vezes eu vou, sem problemas. Em outras, "daqui não saio, daqui ninguém me tira".

De certa forma, tudo o que eu aprendi até aqui em relação a relacionamentos, eu aprendi sozinho. Não que eu seja uma pessoa iluminada, ou que seja paranormal, mas eu tive que aprender na base da observação, tentativa-e-erro. É por isso, por exemplo, que eu não gosto (e não admito) que alguém venha "do nada" me dizer o que fazer ou como fazer. Ou mesmo que venham me cobrar coisas que eles achavam que eu deveria ou não fazer. Se não ajudam, pelo menos não atrapalhem. Respeitem para serem respeitados.

E nesta forma tentativa-e-erro, eu bati muito a cabeça. Um dia eu entendi o meu erro básico, e pensei: "Da próxima vez, eu vou agir diferente". E foi o que eu fiz. Quando notei que estava prestes a cometer o mesmo erro, mudei de atitude e fui direto ao ponto. Me quebrei, para variar. E, desta vez, a queda teria sido muito menos dolorida (como era de se esperar) se o objeto desta minha "nova tentativa" não tivesse insistido em ficar ao meu lado, como amiga, ainda, durante quase um ano.

Isto já está completando 2 anos e, desde então, eu nunca mais consegui me envolver profundamente com ninguém. Até tentei algumas vezes, mas, talvez até "fingindo indiferença", a verdade é que eu não consegui.

O estranho é que, se me perguntassem, eu diria que não tenho medo de ser rejeitado. Medo de ir lá, perguntar se a garota está afim e ela negar? Não me assusta.. "é só me afastar". Até porque eu acredito que a separação é um momento difícil, mas depois tudo se resolve. Já perdi o contato com pessoas muito queridas, muito importantes, e foi difícil, mas nem por isso deixei de viver e conhecer outras pessoas.

Mentira. Esta resposta é uma inútil tentativa de enganar, não a quem me ouve, mas a mim mesmo. E eu me engano? Não. Eu sei que é fácil dizer que não se tem medo de altura, quando se está no primeiro andar.

Pensando esses dias, eu conclui que o fato de eu ter tomado uma atitude logo de cara, no início do ano passado, e mesmo assim não ter obtido resultados (ao contrário, a absoluta descrença do "objeto" aos meus sentimentos piorou a situação), me petrificou. E isto explica a minha paralisia há alguns meses atrás quando, se eu fosse rejeitado, o preço "a pagar" teria sido, talvez, o mais barato possível. Afinal, a garota mora muito, mas muito, longe daqui.

Solução? Não sei. Atravessar o campo-de-força e voltar a tentar? Sim, óbvio, mas como fazer isso? Se alguém por acaso sabe que botão apertar, que alavanca puxar, vai fundo pelo amor de Deus!!!

Enfim, é como diz uma amiga minha. "O medo é o pior dos conselheiros".

Nenhum comentário: