1.3.05

Estúpido cupido


Houve um longo tempo em minha vida em que eu fui o cupido dos meus amigos. É claro que muitos amigos já fizeram este "servicinho" para mim também, mas eu, por muito tempo, sempre procurava ajudar nestes casos.

Desde o colégio, eu tinha este "radar" ligado e, se eu sentisse que poderia rolar, eu aproximava os dois... Outras vezes, ele ou ela vinha me pedir ajuda, e eu ajudava. Quando não dava certo, ou a outra pessoa não correspondia ao interesse, o jogo terminava ali. Contudo, por muito tempo o jogo chegou sempre ao seu final. Tive um amigo, certa vez, que eu apresentei 2 namoradas para ele. A primeira, que era amiga da minha irmã, e a segunda, que acabou sendo o estopim do fim da nossa amizade.

Acho que a última vez que eu fiz isso foi no ano passado. Ajudei um amigo que estava a fim de uma garota. Tive que tomar muito cuidado, pois a situação acabou se tornando delicada e quem quase acabou prejudicado fui eu. Hoje, graças a Deus, continuo um grande amigo dos dois, cada um seguindo a sua vida. Dessa vez, entretanto, eu aprendi que até mesmo boa intenção tem limite. Por mais que se deseje a felicidade de alguém, e que se acredite que esta ou aquela forma seja a ideal para isto, esta é uma decisão que cabe única e exclusivamente aos envolvidos. Vendo assim, entendi muitas outras coisas....

Um outro casal de amigos meus namorou até o fim do ano passado. Eu não tive nada a ver com o início, nem com o final deles. Acontece que durante o tempo em que eles ficaram juntos, eu me aproximei muito de ambos. Depois que acabou, eu acabei involuntariamente ficando no meio do fogo cruzado. No início eu ainda me coloquei à disposição dos dois, com a ressalva de que eu não serviria de pombo-correio nem nada do tipo. Depois, com a repetição dos acontecimentos, eu dei um passo atrás e me distanciei. Hoje continuo falando com os dois, mas não toco e não aceito mais tocar neste assunto. Bem ou mal, agora está claro que ambos tomaram uma decisão, então, que a assumam ou se resolvam entre si!

Existem vários outros casos, mas aí seria um catálogo, e não um texto. O fato é que o grande problema da maioria das pessoas tem apenas três letras: FIM.

Algumas erram por que tomam decisões e não assumem, tornando sua própria vida um inferno ainda maior do que o que acreditavam estar vivendo antes. Outras, por que não querem aceitar algo que ninguém está lhe perguntando se aceita ou não. O fato é que decisões trazem responsabilidades, e ninguém mais tem idade para ser defendido ou protegido delas. Terminou? Então vira a página e vai em frente...

Estou sendo simplista? Não, estou sendo realista. É o mais fácil? Certamente que não. Mas este é um dos inúmeros casos em que uma coisa que poderia ser extremamente simples se torna complexa unicamente porque as pessoas não pensam quando agem, e ficam se arrependendo depois. Não estou me colocando num pedestal e dizendo que eu nunca ajo sem pensar. Eu sou humano, e erro bastante também. Contudo, eu não me escondo atrás dos meus erros para dizer coisas do tipo "não fui eu, foi a minha mão".

A questão toda chama-se amor próprio. Muita gente enche a boca para falar, mas pouca gente sabe o que realmente significa ter amor próprio. Amar a si mesmo, se aceitar, se respeitar. Muita gente não gosta, de verdade ou completamente, de si mesmo, e se torna afetivamente dependente de uma determinada relação. Aí, quando não existe mais amor ou quando o racional cansa daquela situação por qualquer razão incômoda, a pessoa fica perdida, sem notar que o erro não está aqui no final, mas estava lá no início. Ao mesmo tempo, quando alguém "termina" com a gente, temos que seguir em frente. Se a pessoa "rejeitada" quiser tentar de novo, tem todo o direito. Mas precisa entender que, se não deu, não deu. O amor dela por si mesma deve ser maior do que qualquer sentimento por outra pessoa. Certamente, na outra esquina da vida vai aparecer alguém que te mereça, e isto não é só um lugar-comum...

O cupido é uma representação do amor. Uma linda representação, por sinal, mas que deve ser encarada sem exageros. Na vida real, nada que começa será para sempre. Seja em um relacionamento, ou mesmo por toda uma vida, o que tiver sido para sempre, assim o terá sido quando chegar ao fim.
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