4.4.05

Adeus João de Deus


No último dia 2 de abril o mundo perdeu aquele que foi, sem dúvida, um dos homens mais importantes do século XX. Durante seus 84 anos de vida e, principalmente, em seus 26 anos de papado, Karol Vojtyla ajudou a construir o mundo tal qual o conhecemos hoje. Sua figura ajudou a unir nações divididas, e sua luta pela paz em todos os cantos do mundo jamais poderá ser contestada.

João Paulo II - nome que assumiu ao se tornar o 264º Papa da Igreja Católica Apostólica Romana - foi, sem dúvida, um homem admirável. Defendeu seus princípios até quando lhe foi possível, e de todas as formas que conseguiu. Aproximou a "Igreja de Roma" da "Igreja Ortodoxa", perdoou os judeus, visitou a Cuba comunista de Fidel Castro e, acima de tudo, foi um homem com uma fé inabalável, e um senso de justiça raro.

Eu nasci poucos dias depois do início do seu papado. Em 28 de outubro de 1978, enquanto Wojtyla se tornou João Paulo II no dia 16 do mesmo mês. Apesar de natural, acho que vai ser estranho para mim nestes próximos anos é pensar no Papa como outra pessoa. É como se só agora eu, e acredito que muitas pessoas mais jovens que eu, tivesse me dado conta que ninguém "é" Papa, mas sempre alguém que apenas "está".

Já não sou mais tão católico quanto fui na adolescência, e com toda a certeza discordo da Igreja em aspectos importantes da sua doutrina. Contudo, este momento deve ser de silêncio e respeito a um dos, como eu disse, grandes personagens do século XX. Para a Igreja e, de certa forma para todo o mundo ocidental, é como se o século XXI começasse agora, com 5 anos de "atraso".

O próximo Papa será certamente diferente de João Paulo II, assim como ele foi diferente de seus antecessores. O novo Papa, entretanto, não precisa se diferenciar de Karol Wojtyla no que se refere a relação da Igreja Católica com o mundo "exterior" (seja em nível político ou religioso), mas é preciso, para o bem da humanidade e do próprio Cristianismo, que ele seja menos intransigente com relação a algumas questões morais e doutrinárias da própria Igreja. É importante que o líder de qualquer religião seja coerente com o mundo onde vive, e para isto não é necessário negar ou trair a sua própria fé.

Que Deus guarde consigo este grande homem, e que sua alma nos proteja para sempre. Haverá outros Papas, mas nenhum substituirá ou diminuirá a importância que João Paulo II teve para o seu tempo. Amém.
1193

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