Um certo 11 de setembro...
Certos dias são inesquecíveis. Alguns por serem muito tristes, outros por grandes conquistas. Existem aqueles que nos lembram de alguém, ou de algo que não queremos lembrar. Outros são esperados com tamanha expectativa que sua "marca" na nossa vida supera até mesmo a importância do dia em si. Pode ser algo que diga respeito a todos, como a eleição de um governante ou um título no futebol, ou mesmo coisas pessoais como um emprego novo ou uma namorada.
De todas as formas, a cada dia um novo capítulo da história é escrita. Na maior parte do tempo, contudo, não nos damos conta disso, e só valorizamos os fatos depois que tudo já aconteceu (muitas vezes, inclusive, perdemos a oportunidade de mudar as coisas por causa disso). É claro que existem exceções, e entre estas está o ataque ao World Trade Center, num certo 11 de setembro, em Nova York.
Eu me lembro bem daquele dia. Estava na faculdade e, ao sair para o intervalo, perto das 9:30 da manhã, fomos avisados que o professor de diagramação não viria, e não teríamos mais aula naquele dia. No caminho para casa, liguei para um amigo. Ele me disse que estava assistindo tevê, como se fosse algo importante... Estranhei, e ele comentou que "parece que um bimotor bateu no World Trade Center". Fui até a casa dele, e logo notei que algo estava errado. Estávamos conversando quando o segundo avião bateu na outra torre, condenando ambas a auto-implosão. Informações ainda desencontradas falavam de outro avião que teria atingido o Pentágono, e um que teria sido abatido em pleno vôo na Pensilvânia.
Na hora do almoço fui para casa e acompanhei tudo até o fim do dia. Poucas vezes se teve tão nitidamente a impressão de se estar vendo a história acontecendo "ao vivo". Era a primeira vez na história que os Estados Unidos eram atacados em seu próprio território, e ainda por um inimigo até então ignorado. A luta contra o "terror" que se seguiu, e que se mantém até hoje, sem a devida justificativa, é outra história...
A impressão que se tinha é que a terceira guerra mundial estava dobrando a esquina. Por alguns meses ainda um certo clima de animosidade deixou a ameaça no ar. Hoje sabemos que nada aconteceu, e que provavelmente nem poderia acontecer. Mesmo assim, a ousadia dos terroristas árabes chocava, e fazia crer que eles eram capazes de muito mais.
Ainda é cedo para saber o que aquele ataque significou em termos históricos. Passados 4 anos, o que na época pareceu talvez um dos maiores acontecimentos de todos os tempos, não mais o mesmo "peso" e nem parece ter o mesmo valor. Apesar do ineditismo do ataque visível aos Estados Unidos, não houve novos ataques ou qualquer prosseguimento, e hoje o mundo assiste a luta do governo Bush contra o "terrorismo".
Não estou aqui menosprezando os posteriores ataques a Madrid e Londres, nem dando qualquer tipo de razão aos terroristas. O que estou querendo dizer é que os acontecimentos ganham ou não valor naturalmente e com o tempo, e não por decreto. O que "tinha tudo" para marcar uma guinada na virada para o século XXI acabou se tornando um fato importante, sem dúvida, mas não com a relevância da queda do Muro de Berlin 12 anos antes, por exemplo.
"O mundo hoje está muito diferente de 2001", dirão alguns. Certamente está, responderei eu. Contudo, não considero que tudo seja só por causa daquela terça-feira. Eu acredito que o ataque às torres gêmeas também seja conseqüência de algo anterior. E antes que alguém diga que tudo é conseqüência de algo anterior - o que eu também concordo -, digo que me refiro ao fato de aquela manhã não ser tão determinante para a nossa situação atual, salvo a conseqüente gana norte-americana de caçar um adversário abstrato, numa luta que no fundo guarda mais razões econômicas do que políticas ou sociais.
Por fim é bom lembrar que hoje, 11 de setembro de 2005, a história também está sendo escrita, ainda que vivamos a nossa vidinha sem ter muita noção disso...
2293
Nenhum comentário:
Postar um comentário